quarta-feira, 27 de outubro de 2004
Contam as más línguas da vizinhança que Ana Carolina jamais poderá ser mãe. Solteira aos 42 anos é uma condição que ninguém na vila sonha para si, nem moças nem rapazer; e talvez seja por isso que a satisfação de Ana Carolina com sua vida seja sentida como incômodo por seus vizinhos.Ela não carrega "status", não é bem sucedida, não tem bens em seu nome, nunca foi casada e nem sequer namorou, não tem parentes próximos, não carrega amuletos, aliás, não tem superstições.Também não sabe nadar, não joga na loteria e não come miolo de pão. Ana Carolina não sabe tocar nenhum instrumento musical, não toma refrigerante, não reza antes das refeições e nem antes de dormir. Ela não.Ana Carolina é uma negação.E como Ana Carolina nunca havia falado com ninguém, nunguém lhe perguntou se ela queria ter um filho.Todos se negaram a perguntar. A dar uma resposta... a isto Ana Carolina jamais se negaria.
Uma coisa é certa: o mundo dá voltas, mas nunca sai dos trilhos.
Como olhar para a vida, para trás e não achar que, apesar de tudo, de tantas voltas e reviravoltas, no fim tudo dá certo?
Por enquanto posso dizer isso, que nenhuma lombada nem sinal de contramão conseguiu me desviar do meu caminho.
Não vou aqui falar de destino, pois não acredito em vida passiva, em vida pronta antes de ser vivida. Até porque, refazendo o caminhar, sei muito bem dizer como cheguei até aqui, todas as pontes estreitas e poças de lama que tive que atravessar.
Algumas coisas são possíveis de se concluir: 1) prioridades mudam; 2) oportunidades existem, mas não vem marcada com um X no mapa; 3) não há nada que você não possa fazer; 4) o bom senso é o melhor referencial; 5) o que é bom para você é bom para você; 6) quem sabe o que é bom para você é você.
Com medo, cansada, pensative e, às vezes, descompensada, mas feliz por estar de pé, sigo andando.
"Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
E só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei."
Renato Teixeira - Tocando em frente
Como olhar para a vida, para trás e não achar que, apesar de tudo, de tantas voltas e reviravoltas, no fim tudo dá certo?
Por enquanto posso dizer isso, que nenhuma lombada nem sinal de contramão conseguiu me desviar do meu caminho.
Não vou aqui falar de destino, pois não acredito em vida passiva, em vida pronta antes de ser vivida. Até porque, refazendo o caminhar, sei muito bem dizer como cheguei até aqui, todas as pontes estreitas e poças de lama que tive que atravessar.
Algumas coisas são possíveis de se concluir: 1) prioridades mudam; 2) oportunidades existem, mas não vem marcada com um X no mapa; 3) não há nada que você não possa fazer; 4) o bom senso é o melhor referencial; 5) o que é bom para você é bom para você; 6) quem sabe o que é bom para você é você.
Com medo, cansada, pensative e, às vezes, descompensada, mas feliz por estar de pé, sigo andando.
"Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
E só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei."
Renato Teixeira - Tocando em frente
E as horas se esvaem, gota a gota, como uma torneira mal fechada pela mão desatenta que, descuidada, desperdiça incontáveis e preciosos instantes.
E há quem passe por ela e ignore esta perda irreparável, pois, assim como a água é um fenômeno finito e para cada gota que dela desperdiçamos não há volta, a vida, instante a instante se faz passageira. Mas não em vão, pois a cada gota nos pergunta: e agora? E a escolha é toda nossa.
Cada instante de vida resumi-se a ser o que é, buscando o futuro para ser presente e, humildemente, torna-se passado para dar lugar a um novo instante.
E o que lhe dá um colorido é que em meio a esta efêmera passagem cabem sonhos de qualquer tamanho.
E há quem passe por ela e ignore esta perda irreparável, pois, assim como a água é um fenômeno finito e para cada gota que dela desperdiçamos não há volta, a vida, instante a instante se faz passageira. Mas não em vão, pois a cada gota nos pergunta: e agora? E a escolha é toda nossa.
Cada instante de vida resumi-se a ser o que é, buscando o futuro para ser presente e, humildemente, torna-se passado para dar lugar a um novo instante.
E o que lhe dá um colorido é que em meio a esta efêmera passagem cabem sonhos de qualquer tamanho.
quarta-feira, 20 de outubro de 2004
Aos que possam estar se perguntando o que diabos aconteceu com Frida que deixou cair tão bruscamente sua produção, saibam que ingressei numa viagem de tempo indeterminado a uma ilha circunscrita por um território chamado Pinheiros/SP. Esta ilha de habitantes essencialmente cosmopolitas, respira ares italianos e neles se inspira para produzir, ou melhor, reproduzir as maravilhas de sua cozinha.
Esta nova, improvável, impensada, embasbacante e estranhamente boa experiência está já há mais de dois meses transcorrendo no mais alto grau de surrealismo.
Ao adentrar tal ilha, tive um encontro inesperado com a realidade, mais precisamente aquela compartilhada por aqueles que leram apenas as primeiras linhas do livro "Informações básicas para entender algumas coisas do mundo e da humanidade que não são contadas na novela das oito".
E do contato com estes seres humanos, algumas perguntas passaram a martelar minha cabeça: 1) O que eu estou fazendo aqui?; 2) O que estas pessoas estão fazendo aqui?; 3) Sério que você pensa assim?; 4) Molho arrabiata vai tomate em lata ou fresco ou os dois?; 5) De onde vem toda essa raiva?; 6) Por quê?; 7) Onde isso vai parar?...
Respostas para tais perguntas ainda estão difíceis de serem encontradas; só mesmo uma boa análise antropológica poderá decifrar e explicar todos os meandros que envolvem a louca dinâmica desta ilha.É, estamos precisando de uma análise institucional... e, sobretudo, humana.
Esta nova, improvável, impensada, embasbacante e estranhamente boa experiência está já há mais de dois meses transcorrendo no mais alto grau de surrealismo.
Ao adentrar tal ilha, tive um encontro inesperado com a realidade, mais precisamente aquela compartilhada por aqueles que leram apenas as primeiras linhas do livro "Informações básicas para entender algumas coisas do mundo e da humanidade que não são contadas na novela das oito".
E do contato com estes seres humanos, algumas perguntas passaram a martelar minha cabeça: 1) O que eu estou fazendo aqui?; 2) O que estas pessoas estão fazendo aqui?; 3) Sério que você pensa assim?; 4) Molho arrabiata vai tomate em lata ou fresco ou os dois?; 5) De onde vem toda essa raiva?; 6) Por quê?; 7) Onde isso vai parar?...
Respostas para tais perguntas ainda estão difíceis de serem encontradas; só mesmo uma boa análise antropológica poderá decifrar e explicar todos os meandros que envolvem a louca dinâmica desta ilha.É, estamos precisando de uma análise institucional... e, sobretudo, humana.
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