quarta-feira, 18 de junho de 2008

o que aconteceu até aqui

Cheguei em 04 de outubro deixando um cargo público, um amor correspondido, família, os melhores amigos e uma megalópoli para ser garçonete no restaurante de uma pousada em Fernando de Noronha, ilha vulcânica à cerca de 400 Km de Natal, ponto mais próximo no continente.

Nada de mais, principalmente depois de concluir que ainda que eu tenha alcançado o objetivo almejado, outros muitos fatores influem negativamente (também pensei em dizer terrivelmente) na disposição para ficar muito tempo mais, e fazem desse paraíso lugar não tão aprazível.

Passei pelas duas fases já previstas (previsíveis?) de euforonha e neuronha e a conclusão é que "a ilha", essa entidade, é a grande culpada pelas misérias humanas locais; quero dizer, a maioria atribui à ilha um poder que, ao meu ver, somente elas mesmas teriam sobre si. Mas como bem conhecemos os mecanismos de sobrevivência e defesa humanos sabemos que somos totalmente capazes de tal façanha.

Senti que euforonha é a natureza: águas límpidas, animais curiosos e dóceis, sol e chuva, duplo arco-íris, vento no rosto, barulho de passarinhos, saber do mar e das marés, subir morros, pescar num platô de pedras vulcânicas, nadar com tartarugas e golfinhos, abrir o olho na água salgada e ver arraias, sardinhas e os peixes maiores que as perseguem, ver o pôr-do-sol escutando o barulho das ondas cuja bruma é verde como a água do mar, dormir na rede e acordar para um novo dia que promete as mesmas ou mais belezas.

Senti que neuronha é o desafio diário de conviver com a gritante diferença entre as pessoas, esse mesmo que todos enfrentamos em qualquer lugar. Vale dizer que num território tão pequeno, dividindo a maior parte do tempo com praticamente os mesmos indivíduos, as chances de esbarrar naquele espírito de porco que te atormenta são muito, muito maiores. As notícias costumam correr muito rápido e a importância dada aos assuntos mais insignificantes é megalomaníaca.

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Série: "O que eu queria ter dito naquela situação"

Esta série será composta por textos sem contexto, algum dia escritos e estavam no momento, que, talvez, não dêem para serem postados, mas assim... !


O que aprendemos com os últimos acontecimentos:

1) quem faz a fama, invariavelmente, deita na cama, portanto, aos acusados sem culpa, fica a lição;

2) aos que dão uma de joão sem braço e deixam outros levarem a culpa saibam que a justiça tarda, mas não falha;

3) como sempre tudo se dá porque é um hábito pensar, antes, em si mesmo.

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