domingo, 17 de junho de 2007

And so it is

É isto mesmo, eu já sabia. Como se já tivesse sido escrita, a história se repete. É madrugada, calma e escura como lindamente se mostra e só é possível porque amanhã é domingo.
É uma questão de tempo, apenas. Efêmero e por isso mesmo valioso. Relativo e por isso mesmo confuso. Perde-se muito em querer que ele pare. O desejo não é de tempo, mas de poder fazer alguma coisa dele. Talvez eu deva me repetir para ver se (re)aprendo minhas palavras e, assim, retome o que deva ser retomado de um ponto diferente:

" ...as horas se esvaem, gota a gota, como uma torneira mal fechada pela mão desatenta que, descuidada, desperdiça incontáveis e preciosos instantes.
E há quem passe por ela e ignore essa perda irreparável, pois assim como a água é um fenômeno finito e para cada gota que dela desperdiçamos não há volta, a vida, instante a instante se faz passageira. Mas não em vão, pois a cada gota nos pergunta: e agora? E a escolha é toda nossa.
Cada instante de vida resumi-se a ser o que é, buscando o futuro para ser presente e, humildemente, torna-se passado para dar lugar a um novo instante.
E o que lhe dá um colorido é que em meio a esta efêmera passagem cabem sonhos de qualquer tamanho."

Uma vez eu disse isso e talvez ainda acredite que assim possa ser. Na verdade, estou fazendo exatamente isto. Em meio a esta estada efêmera coube um sonho que não tem tamanho.

terça-feira, 12 de junho de 2007

De Frente

Para não passar em branco essa semana do Orgulho Gay e embuida deste mesmo sentimento deixo aqui umas palavras a essas mulheres maravilhosas que são parte de uma parte muito especial da minha vida:


Se quiser tentar
Descobrir quem eu sou
Passe lentamente sua lente
Pela luz dos meus olhos
Que é de frente
Que você vai me entender

Mas se for tentar
Resistir à tentação
Desviar do meu raio de visão
Feche os olhos
E no sonho vou estar

E se ao fim tentar
Confirmar a impressão
Não é fácil dizer
O que está pra nascer
E o que está pra morrer
Ao se entregar
A um olhar
De mulher

De Frente

sábado, 2 de junho de 2007

Luz de Inverno

É sábado de inverno em São Paulo, estou de meia furada e chinelos e ouvindo blues. O que isso pode querer dizer? É mais uma história lamentável que se anuncia. A queda, para aqueles que já passaram por essa experiência morfética de não querer nada mais do que o fim dos tempos.
Qualquer prenúncio de um triste relato somaria-se apenas ao fato de ser essa minha vida um ciclo patético de acontecimentos escalafobéticos e lastimáveis. Ridículos, por assim dizer. Quando muito, risíveis.
Uma TPM sem fim exacerbando o que quero esconder dentro de mim, mas que se esvai e grosseiramente se mostra, como uma mancha na cadeira de uma sala de espera. Que droga!
Não é questão de sorte ou azar, é o acaso com um toque sarcástico. Mais um verbete para a enciclopédia interminável de Murphy.
O pior não é o fato, é a repetição. O doentil é quase sempre caracterizado pela repetição, pela insistência em algo sabidamente errado e/ou perigoso e/ou maléfico.

Mas vou me sair com essa:

- Cometa os mesmos erros somente se achar que agora vai acertar...

Toma-lá-dá-cá !!

Só para contrariar algumas críticas feitas em blog alheio, vou postar uma de minhas poesias que, assim que for publicada em livro juntamente com o restante de minha vasta obra, mudará completamente os conceitos até aqui desenvolvidos na literatura universal. É com muita humildade que lhes presenteio com esta obra prima de minha autoria:


Devo? - Não!!!
Nego...
Pago?
Quando?
Puder(a).

Quando puder
Nego.
Não devo,
Pago!

Devo não, nêgo!
Pago quando Pu der.

Dveo.
Não ngeo.
Pgao qnaduo pduer.

E assim sendo,
Só resta o prejuízo.

Dado a complexidade do pensamento apresentado, seguem instruções de como ler devidamente este épico neoclássico. Podem considerar como uma prévia do que será dito pelos meus admiradores e influenciadores da massa.
Bem, talvez deva começar esclarecendo que qualquer tentativa de entitular este poema seria um fracasso, pois uma idéia tão complexa não pode ser registrada em uma ou duas palavras. A ausência de métrica se dá pelo mesmo motivo.
A primeira estrofe, livremente inspirada em Shakespeare, deve ser lida em tom de "Ser ou não ser...". Uma auto-análise trágica.
Já a segunda tráz em si a contradição dos nossos tempos, onde o acesso restrito aos bens de consumo faz com que aqueles que nada têm queiram sem poder.
A terceira regionaliza a questão para o Estado da Bahia, querendo apenas demonstrar tratar-se de um fato inerente à realidade de todo o país.
Em seguida, o clímax, quando o mais do mesmo ganha um sentido completamente diverso, permitindo, desse modo, o grande fechamento com uma frase que traz o cerne da angústia pós-moderna e sem solução.