quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Contam as más línguas da vizinhança que Ana Carolina jamais poderá ser mãe. Solteira aos 42 anos é uma condição que ninguém na vila sonha para si, nem moças nem rapazer; e talvez seja por isso que a satisfação de Ana Carolina com sua vida seja sentida como incômodo por seus vizinhos.Ela não carrega "status", não é bem sucedida, não tem bens em seu nome, nunca foi casada e nem sequer namorou, não tem parentes próximos, não carrega amuletos, aliás, não tem superstições.Também não sabe nadar, não joga na loteria e não come miolo de pão. Ana Carolina não sabe tocar nenhum instrumento musical, não toma refrigerante, não reza antes das refeições e nem antes de dormir. Ela não.Ana Carolina é uma negação.E como Ana Carolina nunca havia falado com ninguém, nunguém lhe perguntou se ela queria ter um filho.Todos se negaram a perguntar. A dar uma resposta... a isto Ana Carolina jamais se negaria.
Uma coisa é certa: o mundo dá voltas, mas nunca sai dos trilhos.
Como olhar para a vida, para trás e não achar que, apesar de tudo, de tantas voltas e reviravoltas, no fim tudo dá certo?
Por enquanto posso dizer isso, que nenhuma lombada nem sinal de contramão conseguiu me desviar do meu caminho.
Não vou aqui falar de destino, pois não acredito em vida passiva, em vida pronta antes de ser vivida. Até porque, refazendo o caminhar, sei muito bem dizer como cheguei até aqui, todas as pontes estreitas e poças de lama que tive que atravessar.
Algumas coisas são possíveis de se concluir: 1) prioridades mudam; 2) oportunidades existem, mas não vem marcada com um X no mapa; 3) não há nada que você não possa fazer; 4) o bom senso é o melhor referencial; 5) o que é bom para você é bom para você; 6) quem sabe o que é bom para você é você.
Com medo, cansada, pensative e, às vezes, descompensada, mas feliz por estar de pé, sigo andando.

"Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
E só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei."

Renato Teixeira - Tocando em frente
E as horas se esvaem, gota a gota, como uma torneira mal fechada pela mão desatenta que, descuidada, desperdiça incontáveis e preciosos instantes.
E há quem passe por ela e ignore esta perda irreparável, pois, assim como a água é um fenômeno finito e para cada gota que dela desperdiçamos não há volta, a vida, instante a instante se faz passageira. Mas não em vão, pois a cada gota nos pergunta: e agora? E a escolha é toda nossa.
Cada instante de vida resumi-se a ser o que é, buscando o futuro para ser presente e, humildemente, torna-se passado para dar lugar a um novo instante.
E o que lhe dá um colorido é que em meio a esta efêmera passagem cabem sonhos de qualquer tamanho.

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Aos que possam estar se perguntando o que diabos aconteceu com Frida que deixou cair tão bruscamente sua produção, saibam que ingressei numa viagem de tempo indeterminado a uma ilha circunscrita por um território chamado Pinheiros/SP. Esta ilha de habitantes essencialmente cosmopolitas, respira ares italianos e neles se inspira para produzir, ou melhor, reproduzir as maravilhas de sua cozinha.
Esta nova, improvável, impensada, embasbacante e estranhamente boa experiência está já há mais de dois meses transcorrendo no mais alto grau de surrealismo.
Ao adentrar tal ilha, tive um encontro inesperado com a realidade, mais precisamente aquela compartilhada por aqueles que leram apenas as primeiras linhas do livro "Informações básicas para entender algumas coisas do mundo e da humanidade que não são contadas na novela das oito".
E do contato com estes seres humanos, algumas perguntas passaram a martelar minha cabeça: 1) O que eu estou fazendo aqui?; 2) O que estas pessoas estão fazendo aqui?; 3) Sério que você pensa assim?; 4) Molho arrabiata vai tomate em lata ou fresco ou os dois?; 5) De onde vem toda essa raiva?; 6) Por quê?; 7) Onde isso vai parar?...
Respostas para tais perguntas ainda estão difíceis de serem encontradas; só mesmo uma boa análise antropológica poderá decifrar e explicar todos os meandros que envolvem a louca dinâmica desta ilha.É, estamos precisando de uma análise institucional... e, sobretudo, humana.

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Foi assim, após tempestuosos momentos, sentindo todo o peso de um enorme vazio em minhas costas que, de repente tudo mudou. Tudo vai mudar.Agora vou, aos poucos, dando adeus às sessões da tarde, à reprises de filmes dos anos 80 que a despeito da qualidade não deixei de asistir pela 27º vez; será que haverá saudades das incontáveis horas em frente à tela e toda sensação de poder que só o controle remoto pode trazer; pipoca de microondas que não deixa panela suja para ter que lavar depois; 12h30, a habitual hora de despertar; idas e vinda à geladeira ou à dispensa com a agradável certeza de que haverá algo interessante a ser consumido, comido ou bebido, mas se por algumas vezes não se concretizou alguma escolha, ao menos restaram os instantes em frente à geladeira com a porta aberta, gesto estranhamente repetido, por várias mesmo sabendo-se da falta de opções. Quem explica este estranho prazer?
E quem explica querer largar todos os benifícos do ócio para passar a dar duro, suar a camisa no emprego de energia numa atividade laboral?
Em se tratando do vazio já cronificado dos meus bolsos, empregar energia em troca de capital será como encontrar o remédio certo para uma doença muito específica e crônica, que há tempos (uma vida) vinha engessando qualquer tentativa e/ou possibilidade de expansão e participação do nosso moderno mundo moderno.Já em se tratando do vazio existencial, essa oportunidade servirá, principalmente, para ocupar a cabeça, reduzindo as chances de quaisquer questionamentos advirem das profundezas da minha mente insana que, ultimamente, desafiaria até o mais conceituado dos analistas. Ou não.
Enfim, que venham as mudanças, que o vazio se anule, que as profundezas se preencham, que algo se instale e reanime os sonhos.

E a história continua....

domingo, 8 de agosto de 2004

Só por curiosidade: o dia dos pais no Brasil foi criado por um publicitário.

Sem comentários.

terça-feira, 27 de julho de 2004

Se podemos acusar a espécie humana de alguma coisa é de fazer mal uso daquilo que lhe é mais peculiar enquanto ser mais evoluído deste planeta, a inteligência.
Embora não goste de afirmar esta pretença superioridade do homo sapiens por saber do que alguns animais são capazes e disso me deixar até triste por não termos mantido ou desenvolvido determindas habilidades, não dá para negar a estrondosa influência que os atos humanos exercem sobre o planeta.
A inteligência humana lhe permitiu desenvolver os mais complexos códigos de linguagem e comunicação, bem como traduzir e modificar quase tudo à sua volta, movido pelo anseio de conhecer e decifrar os porquês, senão das coisas, de si mesmo, da sua existência. E não há nada de errado em querer conhecer, mas acontece que as boas idéias são frequentemente corrompidas e utilizadas com fins outros que nem os próprios inventores imaginariam. Que o diga Santos Dummont que morreu de tristeza em saber que o avião estava sendo usado como arma na guerra.
Sim, o mal uso é o grande vilão das idéias. Vejam só o exemplo da televisão. Estava assistindo a um debate sobre televisão e sua influência na sociedade, e sobraram críticas. Até um cara, professor aposentado da Usp, bem pessimista e radical que em sua casa não tem televisão, que quase pediu uma queima geral dos aparelhos. Mas em meio às críticas, uma observação que passou um tanto desapercebida mas que para mim foi fundamental e decisiva, foi uma professora que disse que não existe boa ou má tecnologia. E daí pensei, o problema está no mal uso.
Existem programas ótimos na TV, é um canal maravilhoso de disseminação de idéias, arte, literatura, notícias, assim como a internet, mas quando feitos com bom senso e com objetivos edificantes. Porque então fazer coisas porcas, como os programas jornalísticos sanguinários que pululam pelos canais de TV, com o mesmo modelinho de apresentador revoltado, gritando à esmo o que já é mais que óbvio para todo mundo; ou os programas infantis com suas apresentadoras mais regredidas que as próprias crianças; ou os programas de auditório com seus quadros de humilhação à troco de banana, exemplo das "pegadinhas", e um apresentador-mediador-entrevistador e garoto propaganda, que o próprio acúmulo de funções indica a rebaixada qualidade de seu trabalho, faz de tudo e nada sai direito, e etc..
Algumas invenções são realmente geniais, como o próprio avião, a televisão, o computador, a internet, o telefone, a privada; se não fossem boas idéias, não seriam permanentes. Mas há que se ter cuidado, em todos os sentidos da palavra: pensado, meditado, refletido e atenção, para qua não passemos a ser considerados irracionais por não conseguir, sequer, ter como objetivo a boa qualidade e um bom aproveitamento daquilo que brota de nossas cabeças. E é claro, se o capitalismo e suas consequências desaparecessem, também seria ótimo.

terça-feira, 20 de julho de 2004

Lá ia ela pela terceira vez naquela semana fazer a curva à direita e enfrentar uma considerável subida pela rua paralela à sua casa, de onde havia saído após o banho merecido e indispensável naqueles dias de verão na cidade do sol. Antes essa lua fosse acompanhada de um belo e refrescante mar e sua brisa carinhosa. Mas não, esta terra está encrustada na região do Estado de S.Paulo que tem, por talento, imitar com quase exatidão o sertão nordestino. Por lá nunca chegou a ver o chão ressecado, craquelado pela estiagem, mas ver o horizonte distorcido pelo calor que exalava do chão, isto era de praxe.
Já havia vencido a subida e pegava a esquerda entrando na rua da casa de suas amigas. Assim como ela, suas amigas viviam em república, naquele esquema sem pai nem mãe e com um lema nunca dito, mas sempre praticado - "um por todos e todos por um". Fora qualquer relação, não chegavam a ser mosqueteiros aqueles que, como elas, partilhavam deste lema. Mas podia-se contar sempre, nos momentos de apuros ou de descontração.
A esta altura já estava à frente da casa e usava como campainha bater o cadeado numa das barras do próprio portão. Desta vez foi recebida por sua amiga usando pijamas, daqueles manga-longa azul com motivos que lembravam o céu: nuvens e estrelas, sol e lua dividindo o mesmo momento. Essas recepções não eram incomuns e podiam acontecer com qualquer uma das quatro que dividiam a casa e nos mais variados modelitos.
Há algum tempo a recepcão passou a ficar por conta de um boxer branco com uma pinta circular marrom localizada no meio do dorso, pendendo um pouco à direita, era sua marca. Além, é claro, de uma personalidade que o classificaria como "adulto com alma de criança". Sempre muito espontâneo, cumprimentava a todos com o vigor de alguém com cabeça de 4 anos, mas com corpo de 17, e sobravam lambidas e marcas de pata na calça ou na blusa. Mas fazer o que, era apenas um guri desajuizado querendo um pouco de atenção.
Mas qual poderia ser a razão que a terá levado até lá? E a isto ela responderia com outra pergunta: Por que deve haver uma razão para ir à casa de boas amigas?
E tudo logo se explicaria quando lhe vinha, em um flash, as diversas ocasiões, boas e ruins, alegres ou tristes, que ali havia passado.
Claro, não era a única agregada desta república, aliás o que "fazia" os momentos era a presença de um grande e variado número de pessoas que compunham a turma. Ah, é quanto coisa fizeram juntos... Em cada detalhe, com todas as cores, vai lembrando de cafés da manhã, grupos de estudos, almoços, sessões de vídeos ou mesmo o último capítulo da novela, um episódio de "Os Normais" e depois sair para a balada; e os cafés da tarde, antes e/ou depois de um bate-papo, muitos bate-papos.
Por que teria de haver uma razão? Era exatamente o que ela se perguntava agora, sentada em frente ao computador à escrever seus pensamentos. Hoje, passados longos meses que não compartilham mais desses instantes de bate-papo ao acaso, troca de confissões, diversão, reuniões e entretenimento, ela pára um instante e se dá conta de que as razões eram, então, boas desculpas para poderem, acima de tudo, dividir a amizade. A resposta para a pergunta já era sabida por todos. O que procuravam era desfrutar o momento, seja ele qual fosse, por uma ou outra razão, o importante era vivê-lo, pois daquela maneira, com aquelas pessoas, com o sabor que só a mistura de cada um poderia proporcionar, logo se tornaria difícil que se repetisse. Cresceram juntos, para serem o que são, apenas porque, um dia, estiveram juntos. Como bons amigos.

sexta-feira, 16 de julho de 2004

À guisa de apresentação
 
Eu me chamo Frida Ferida
e mais que uma rima,
meu nome é uma definição.
E ao mesmo tempo que
me designa, também
é uma explicação.
Nasci em tempos difíceis,
como vítima social e
da globalização, e
me sinto um paradóxido,
pois assim que me incluí no mundo
passei a viver na exclusão.

Desprovida de destino,
acredito que minha vida
é algo sem fundamento,
e explico, por agora,
que para maior descrição
me faltam elementos.
É que ainda estou mergulhada
na dor de minha ferida
que me corta o pensamento,
e essa dor egoísta
só me leva a mim mesma
em todos os momentos.

A despeito das lágrimas
geradas pela situação,
surgiu da adversidade,
num minuto de inspiração,
contar esta experiência
pautada na realidade.
Desse momento nasce o espaço
em que faço meus relatos,
e aproveito a oportunidade
de escrever o que sinto,
o que reflito e o que repito,
para manter a sanidade.

Ao começar não suspeitava
que as palavras me dariam
asas de passarinho,
me permiti alçar voôs,
quem sabe à procura
de encontrar meu caminho,
certa apenas de que
através de tais palavras
afastaria os espinhos.
Ganhei força, ganhei vida
e já não tenho medo
de abandonar o ninho.

Já não quero com a figura
de um pobre sofredor
uma relação pactuar.
Sou do povo brasileiro,
sou da luta pela vida
e corro atrás do meu lugar.
Acredito em que acredito
e estou sempre em busca
do que há em mim a econtrar
espalhado pelo mundo,
pois sou parte da terra,
um ser humano a errar.

segunda-feira, 12 de julho de 2004

Como é triste presenciar a mediocridade de certos profissionais que fazem, mais do que qualquer outra coisa, parte da massa incluída no mercado de trabalho.
Há algum tempo, em mais uma tentativa de entrar no esquema de troca de força de trabalho por capital, cuja escassez anda prejudicando tremendamente meu acesso aos bens de consumo culturais, ou seja, baladas, tive, vamos dizer, a oportunidade de presenciar o exemplo da capacidade ilimitada do ser humano de ser patético.
Depois de garimpar oportunidades nas páginas dos classificados de emprego, fui entregar meu currículo numa das empresas que ofereciam vagas. Depois de uma entrevista inicial com uma garota simpática e que falava mais rápido e jogado do que qualquer narrador de corrida de cavalos, cujo objetivo era convencer os candidatos da mina de ouro que era trabalhar naquele grupo, claro, depois de ceder um mês de trabalho voluntário, me dirigi a uma sala onde outros 20 e poucos desafortunados aguardavam a chegada do "gerente" que iria fazer a seleção do pessoal. Assim que coloquei a cara na porta, notei certa apreensão daqueles que já estavam ali presentes, e por que não dizer, certa aversão da minha pessoa, afinal eu era mais uma que iria competir pela sagrada vaga.
Ignorando a sensação de morte iminente pela qual fui tomada frente a tantos olhares faiscantes, me sentei na primeira cadeira perto da porta, mais pela proximidade do que para pagar uma de boa aluna. Estava eu preenchendo uma ficha que só faltava perguntar quais os meus planos após a aposentadoria quando ouvi me chamarem: "Frida, o que você está fazendo aqui?". Era uma amiga da faculdade que também tentava sua inserção no mercado. Ficamos ali trocando nossas experiências de recém-formadas desamparadas quando, de repente, adentra a sala um ser totalmente espalhafatoso que viria anunciar que o tal "gerente" havia chegado.
Como eu não tenho as orelhas nas costas, não me senti na obrigação de me virar para presenciar o anúncio de tal acontecimento, e continuamos conversando, deixando claro que falávamos num tom que mostrava que o assunto dizia respeito tão somente a nós duas e que ninguém tinha obrigação de ouvir nossas histórias.
Pensando bem agora, acredito que tenha sido o fato de eu não ter me virado e dado a devida atenção àquela entrada triunfal, pelo menos na cabeça daquela pessoa, o motivo da situação ter tomado proporções tão inimagináveis. Mas a alegação foi a seguinte: "Vamos ficar quietos e manter o silêncio, aí!". Notem: o tom usado foi o mesmo de um "cala a boca" bem mal educado. Naquele momento não me ocorreu nada senão virar para minha amiga e lhe dizer no mesmo tom em que conversávamos: "Ela está louca?". O que o ser disse depois disso foi tão improvável quanto sua primeira intervenção: "Vamos virar para a frente e ficar quieto. Tem que fazer igual primário agora!".
Meus caros, o que pode levar um ser humano dessa idade e naquela posição a soltar tão deliberadamente uma asneira dessa magnitude senão um desejo imenso de querer dar uma de superior? Afinal ela devia ser a sub-ajudante-assistente do co-coordenador da recepção!
E se vocês imaginam que tais barbaridades tenham sido um ato isolado de uma mente insana, saibam que o movimento que notei nos momentos seguintes provou que o espírito corporativista havia sido muito bem desenvolvido naquela instituição.
Acontece que cada uma das pessoas que trabalhavam naquele antro começaram, uma a uma, a entrar na sala tão somente para fazer uma pergunta: "Quem é Frida?". E com a mesma estranheza de quem acorda sem saber onde está, me vi em meio a uma grande cena cuja moral foi deixada bem clara pelo "gerente". Mas antes de anunciá-la, vamos à ele, o "gerente".
Com seu terno e sua gravata, ele entrou na sala com seu ar seguro. Somente tanta altivez poderia disfarçar os grotescos erros de português, do tipo "...na atualidade dos tempos de hoje", ou as generalizações infantis como "... pais que criam para o bem, o filho será bom; criados para o mau, será mau". Discurso facilmente comprado pelos menos avisados e pelos mais desesperados que balançavam positivamente suas cabeças.
O "gerente" avisou que ali a gravata e o tayer eram fundamentais, sem eles seria impossível começar a trabalhar. Se bem que ele não explicou porque, talvez por ele ser a prova viva de que a aparência engana, sim. E o "gerente" advertiu que ali estavam à procura de um perfil determinado, o de uma pessoa suficientemente inexperiente que pudesse ser facilmente "treinada". Sabemos bem o que ele quis dizer com isso, seus inúmeros exemplos deixaram todas as cartas abertas na mesa, e é aí que encontramos a moral da História.
Fico aliviada em saber que não me encaixo no perfil necessário para fazer parte daquela organização, não fui aceita, não me encaixava. Ainda bem.

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Não sou mais capaz de fazer reflexões sobre a vida que me levem além da realidade dos fatos, que me faça alçar pequenos vôos que tirem meus pés da solidez para atingir a fluidez dos ares.
Já não tenho asas. Meu poder de transmutar as moléculas do meu corpo e levá-las ao mesmo estado do pensar tem falhado nas últimas tentativas que fiz antes de dormir.
Não consigo nem mesmo olhar e dizer o que vejo, como o cego de infância que volta a enxergar e não é capaz de distinguir o mundo pelo olhar por ter estado até então preso ao toque, invadido pelos odores e inquieto pelos sons.
Sinto-me como o desinformado que está sempre por fora. No momento estou por fora, mas por que estar por dentro se tudo que lá encontro é o vasto labirinto insolúvel de conexões frágeis, inconsistentes?
Já não me assusto mais com os tropeços e as consequentes quedas, mas já me cansa ter que levantar.
Imagino as moscas com as patinhas grudadas na invenção de um cuzão vingativo que ainda ganhou uma grana patentiando sua arma mortal.
Vejam, falo aqui em nome da mosca. Falo em nome das vítimas da insensibilidade. Estou sem senso. Sem lenço nem documento. Estou sensível.
Àqueles que só a lembrança apazigua a dor, tanquiliza a alma e espanta a solidão.
Àqueles que me ensinam todos os dias o porque vale a pena acreditar num amanhã melhor e esperam comigo este dia chegar.
A esses seres humanos com quem divido/dividi meu mundo e que permitiram/permitem adentrar os seus.
Àqueles que me dão amor, não sei bem porque, não sei desde quando.
Àqueles que cruzaram minha vida e permaneceram, não sei bem porque, não sei até quando.

"Achei um 3x4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido há tanto tempo atrás
Um exemplo de verdade e respeito
Do que o verdadeiro amor é capaz.

A minha escola não tem personagem
A minha escola tem gente de verdade
Alguém falou do fim-do-mundo,
O fim-do-mundo já passou
Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um.

- O sistema é maus, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme.

E hoje em dia, como é que se diz:"- Eu te amo."?

Sem essa de que:"- Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz.

Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.

E hoje em dia, como é que se diz:"- Eu te amo."?
Vamos fazer um filme.

Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo"

Vamos fazer um filme - Renato Russo

sábado, 3 de julho de 2004

Um dos motivos pelos quais eu gosto da Língua Portuguesa é o fato dela ter uma palavra admirada no mundo inteiro - saudade. Esta palavra foi ranqueada em terceiro lugar das que conseguem exprimir a idéia mais complexa. É verdade, aconteceu um concurso onde dezenas de tradutores do mundo inteiro fizeram suas listas com as dez palavras mais difíceis de se traduzir o significado.
Achei a idéia do concurso interessante. O primeiro lugar, aliás justo, ficou com uma palavra de um dialeto africano que designa a pessoa que perdoa alguém por duas vezes, mas que pela terceira vez não perdoará mais. Específico, não? Pode!
Também gosto da história que há sobre a origem da Língua Portuguesa. Conta a lenda que nossa língua, essa que herdamos dos patrícios, os lusitanos, era um código usado entre os navegadores-piratas-lutadores daqueles tempos para se comunicar. Qualquer coisa para que os inimigos não soubessem seus planos. Dever ser por isso que rolam essas complicações de sintaxe, grafia e tudo o mais nessa língua.
Quero aqui humildemente confessar que sofro de um mal terrível. Eu sou uma daquelas pessoas que carrega o mal de não gravar nomes e muito menos de relacionar a pessoa ao nome, ainda mais se já estão passados longos tempos que não vejo a referida figura.
Juro que tenho tentado deveras* mudar este que se tornou um hábito, mas todas as coisas que já tentei fazer ainda não tiveram muito êxito; inclusive prestar atenção. Eu até chego a repetir depois da pessoa o nome dela, mas isso não reforça a lembrança.
E vejam só se não é uma ironia do destino o que me aconteceu no final de semana passado. Conheci uma garota - humm...humm...sem comentários maiores, digo, mais detalhados dos fatos -, nos apresentamos, conversamos um pouco e quando tentei chamá-la pelo nome, vazio. Já começava a me desesperar quando, para minha sorte, ela mesma falou seu nome enquanto contava uma situação passada em sua casa. Ufa! O alívio nesses momentos é incomparável, é como ser salvo de um afogamento e pela pessoa que te empurrou.
É, mas minha alegria durou pouco. A pessoinha estava me contando que já foi casada e tem um filho. Aí, eu, não contente com o que já tinha acontecido, fui me menter a perguntar o nome da criança. E como um aviso de que o que estava por vir não seria um nome qualquer, ela já foi dizendo em tom de advertência: "É um nome egípcio", e soltou o nominho. Antes não tivesse aprendido a ser educada e a perguntar o nome das pessoas, fala a verdade, ou, como no popular e bom português, fala sério.
Bem, até o momento não me ocorreu nenhum traço, nenhuma pista de qual era o nome do garoto, só me lembro que ela disse que significa "a luz do mundo". Vou contar que na próxima vez que nos encontrarmos, a guria vai contar alguma outra história e vai soltar o nome do erê dela. Podem ter certeza que eu vou perguntar de alguma história do bacuri.

* estou usando este deveras em homenagem a Machado de Assis que tenho lido muito ultimamente; quero agradecê-lo por me fazer amar ainda mais a Língua Portuguesa.
"Um ser humano só vira santo mesmo, depois de morto", foi isto que me passou pela cabeça quando vi a notícia da morte do Brizola na TV há mais de uma semana atrás.
É incrível este fenômeno religioso-jornalístico que acontece quando alguma figura ilustre vai dessa para melhor. A diferença desses casos para os santos reconhecidos pela Igreja é que, pelo menos estes últimos, necessitam de confirmação estatística para subirem na hierárquia sacra, isto é, faz-se necessária uma petição do povo com abaixo-assinado e também, como um pedido feito num site na campanha por um novo santo: "Será também necessário que numerosos Bispos escrevam a S. S. o Papa pedindo-Lhe a canonização e manifestando o interesse que o Povo tem por este assunto e as vantagens espirituais para a sua diocese".
Até a igreja se rendeu aos métodos inescapáveis da ciência empírica moderna para dar maior credibilidade aos seus produtos. Como todo bom negócio, ela não abre mão da procedência e qualidade da sua mercadoria para garantir a satisfação e lealdade da clientela.
Mas eu queria chamar a atenção para uma coisa que sempre me encanou: por que diabos eles chamam o João Paulo de "Sua Santidade 'O' Papa"? Por que "O"?. Com ceteza não para definir o gênero de com quem se fala, afinal Papa só pode ser homem e essa é mais uma das máximas da igreja. Então, mas ainda não me passou na cabeça nenhuma razão para o "o" do Papa, a não ser o fato de poder ser esta designação uma forma de reafirmar a exclusividade deste representante de Deus na terra em ter este título. Ele é "o" Papa, como "o" cara. Será que é por isso? Ah, não faço idéia e, quer saber, que fucking importância tem esse assunto, nenhuma.
Mas vocês acreditam que até cheguei a sonhar com alguém tentando me explicar porque desse "o". Oh, mente insana, não tem mais com o que se preocupar! Faça-me o favor...
Agora, só mais uma coisinha, gostaria de lançar o bolão: Quem será o próximo a bater as botas? Me desculpe, mas acredito, por razões óbvias, que Karol Wojtyla, o cara, é o top.

domingo, 27 de junho de 2004

Estava em minhas andanças de desempregada, a caminho dos Correios para postar uns currículos, numa bela manhã de terça com um sol agradavelmente quente que me fazia sentir bem por estar andando um pouco. Estava um tanto aérea, os pensamentos a mil, mas com os olhos atentos, observando o movimento da cidade, quando avistei à frente uma jovem senhora acompanhada de uma menina de cabelos loiros e longos, vestida com o que parecia ser uma de suas melhores roupas, com um caminhar descontraído e despreocupado.
Acompanhei sua aproximação até o encontro inevitável e lancei um sorriso em sua direção, como se ao mesmo tempo quisesse lhe dizer um oi e cumprimentá-la por emanar tão espontaneamente aquele ar de doçura, simpatia, simplicidade e inocência.
E como é raro nesses tempos em que as pessoas não mais se olham e muito menos lançam olhares de simpatia para com o outro, aquela menina retribuiu meu gesto com um singelo e jovial sorriso, daqueles que valem mais que mil elogios e que fez correr por minhas veias a tal da felicidade.
A surpresa daquele encontro me impulsionou a olhar para trás, como para me assegurar que aquela menina realmente existiu.
E qual não foi minha maior surpresa, meu olhar deu de encontro com os dela, também estava a me fitar. Talvez ela tenha sido levada pelo mesmo impulso surpreendente que eu e isso somou mais um instante memorável àquele encontro improvável.
Agora me pergunto sobre o que deve ter passado pela cabeça daquela menina que no auge dos seus prováveis quatro ou cinco anos de idade foi capaz de um gesto tão encantador? Não sei.
E há anos luz de portar qualquer traço de pedofilia, se aquela pequena menina somasse uns 20 anos aos seus quatro, eu não a teria deixado partir sem antes perguntar seu nome e lhe dizer que, sem nada dizer, ela me havia feito uma mulher feliz...

quinta-feira, 24 de junho de 2004

Continuando o espírito de recomendações, é legal dar uma lida no prólogo escrito por Michael Moore especialmente para a versão em português de seu livro Cara, cadê meu país?. Ele usa de toda sua irreverência para cutucar mais uma vez o Bush, os americanos "no brain", e dá uma luz no que anda rolando dentro dos E.U.A., quais as posições quanto ao caso Iraque e mais ou menos o que a galera de lá anda pensando.
Bom saber que nem todo americano diz amém para as decisões do seu governo.

sábado, 19 de junho de 2004

Estamos em avançados 6 meses passados do ano de 2004 e, por enquanto, nada. É isso, se existe alguma data limite que estableça que o prazo para as coisas darem certo irá terminar, começo a acreditar que este dia está para chegar.
Correr contra o tempo nesta altura do campeonato não me parece uma decisão favorável, pois, além do fato de que é impossível ultrapassar o tempo, esta corida, provavelmente, provocaria um ataque cardíaco nesse coração sedentário e desacreditado.
A esta altura não quero acreditar em mais nada além da lei da relatividade do tempo, quero ser pega de surpresa pelas forças ocultas do que considerava acaso, coincidência e, até mesmo, despropósito.
O que quero dizer com isso: chega de tentar das explicação para o que acontece ou deixa de acontecer. Quero acabar em mim com um certo ranso cristão de tentar encontrar um culpado para tudo. É uma boa atitude a se tomar, principalmente quando a máscara de Judas acaba na minha cara por mais vezes do que eu gostaria.
Isso não equivale a uma tentativa de me livrar da minha parcela de responsabilidade sobre minha vida, meu futuro ou o jeito como me visto. É só que as vezes existem outros fatores que influenciam o curso dos acontecimentos, ou então o que explicaria um dia típico de inverno no mês de janeiro em Fortaleza? Deus querendo estragar as férias de alguém?
Mais uma vez, é isso. Quero escrever uma história repleta de lacunas, linhas em branco, personagens sem nome, sem passado ou futuro. Quero seguir o fluxo, mantendo os olhos abertos para evitar as pedras visíveis no caminho, os buracos mais profundos e os extensos muros de pedras. Quero dar a volta ao mundo, descobrir o que há lá fora e, ao cruzar a linha de chegada, serei a primeira a abraçar tudo o que ficou para trás e dar-lhes o último adeus; e irei passar direto pela velha eu que já não reconhecerei e que ainda estará na linha de partida tentando decidir para que lado ir.

terça-feira, 15 de junho de 2004

Acessem este site: Basta!. Tem uma galera no Rio que tá tentando organizar um protesto que pede Basta! à violência no Rio. Lance sério, organizado, pelo menos esta foi a impressão que me passou ao ver a entrevista do Jô Soares de hoje com uma mulher que começou com este movimento que consiste em convencer as pessoas que estão indignadas com a situação a colocarem faixas de protesto nas fachadas das casas, comércios e etc. Eles queres enfaixar o Rio, este é o slogan. Esse é o movimento. Pode ser o início de uma reação popular que vai mudar o curso das coisas. Quem viver, verá!
O Saramago é realmente um escritor fabuloso. Ele tem um poder descritivo inexplicável, emocionante até! Li "Memorial do Convento" e adorei, não só porque ele me foi um aconchego nos tempos de França, me ajudando a me reaproximar da Língua Portuguesa, mas gostei porque nunca tinha sentido o tipo de emoção que senti com a leitura, momentos de genialidade do autor.
Por me reavivar a genialidade de Saramago, quero postar um trecho de um livro dele publicado pelo Altieres e junto a gravura postada junto.

Trechos de MANUAL DE PINTURA E CALIGRAFIA
JOSÉ SARAMAGO - 1976

"... A pobre Adelina, como eu me divirto a chamar-lhe de mim para mim, é muito menos "pobre" do que eu disse: deita-se comigo, consente e exige que eu entre nela (essa virtuosa transposição resulta em obscenidade total, pois, literalmente, entrar eu nela significa que todo me reduzi a uma dimensão milimétrica, a qual me permitiria digressar [prefiria que se pudesse dizer digredir] no interior dela, ou, pelo contrário, que esse mesmo interior ganhou tamanho de catedral, basílica de S. Pedro, igreja de Notre-Dame, gruta dourada e verde de Aracena, por onde passeio [penetro] em meu natural tamanho, patinhando nos humoreses, nas secreções, repousando na turgidez das mucosas, e avançando sempre até o segredo do universo, ao laboratório dos ovários, ao estentor das trompas [mudas] de Falópio, respirando os cheiros primordiais da terra ali resguardados e em todos os sexos de mulher, agora já sem obcenidade, porque o sexo não é obceno, isto é uma coisa que sei hoje) e por causa desse entrar nela, e ela estar, sem verdadeiramente o querer a minha vontade, na vida geral em que eu tenho parte e ela parte, e ambos num rebordo comum, numa cimalha estreitíssima de Chartres, não posso dizer "pobre Adelina" nem esquecê-la. No interior dela derramo de cada vez milhões de espermatozóides de antemão condenados à morte, envolvidos num fluído gomoso que sai de mim arfando, e mesmo não a amando eu nem ela a mim, nenhum de nós escapa ao brevíssimo momento em que os corpos lassos e satisfeitos repousam, o meu, quase sempre sobre o dela, o dela às vezes sobre o meu, e também sobre o outro o um de nós que suporta o peso do outro. No fim do acto sexual (também chamado acto do amor), o corpo de baixo pesa sobre o de cima, e quem isto não descobriu nunca, não tem corpo nem sexo nem consciência de si. Duas vezes se exerce então a força da gravidade, não para se anular, mas para ser total o esmagamento. Porque a levitação dos corpos não é possível quando o sexo do homem ainda está profundamente ancorado no sexo da mulher, derramando ou tendo derramado a branca secreção dos testículos e banhando-se entre as paredes rubras ou róseas, e ardentes, ao mesmo tempo que a remotíssima tristeza do coito cobre de véus o cérebro e esboroa um a um os membros abandonados." (p. 55 e 56)



Edward Hopper - "Eleven Am" 1926

Entenderam o por quê?
A emoções não são regidas pelas mesmas leis que regem a existência humana.
O homem criou e adotou o tempo como um dos principais eixos de referência e fundou, com isto, a História. Mas ao fazê-lo criou também para si uma prisão sem muros. Vivemos aprisionados ao presente, ansiosos por um futuro incerto que desfará as certezas do passado. Nosso corpo é nossa cela, e o que nela habita, ali fica e persiste em ser o que é, mesmo fantasiado, travestido ou disfarçado, faz de nós (cada um) o que somos, invariavelmente mutantes.
O que por vezes escapa a esta cela são as emoções. Estas, ao contrário, desconhecem o tempo e podem, a qualquer momento, como observou Freud em sua obra, irromper tão intensamente quanto no momento primeiro em que se deu, como a sua lembrança mais triste da infância ainda te leva as lágrimas como se tivesse acabado de acontecer.
Certos fatos vividos fazem reféns emoções que, por sua rebeldia, não se manterão assim, e escaparão, seja lá como for, de uma forma ou outra, amanhã ou daqui a 20 anos.
O que trancafiei aos 4 anos (*), hoje, aos 24, ainda corre a canequinha pelas grades tentando me chamar a atenção. E enquanto eu me mantiver aqui, firme, soldado raso que apenas obedece as ordens de um superior desconhecido, alienado embaixo do capacete, não haverá chance de qualquer emoção que seja encontrar a saída certa dessa incabível prisão.

(*) chute cronológico

quarta-feira, 9 de junho de 2004

Estou eu aqui em cima de novo, totalmente paralisada, só conseguindo olhar para os lados e pensando: "O que é que eu vou fazer agora? Para que lado eu vou?"
Já me vi por tantas vezes nesta mesma situação que começo a pensar que é justamente a tensão de ficar olhando as possibilidades aqui de cima, pesando infinitamente os prós e contras de se escolher um dos lados desse muro, o que me faz continuar aqui. É, praticamente, a realização de um desejo da mesma natureza daquilo que dá prazer ao masoquista, a dor.
Dá uma sensação paralisante no momento em que são colocadas as alternativas, como um branco total na mente e no corpo que não faz nenhum movimento, muito menos em relação a dar uma solução ao problema. Escolher é um problema. Ou ficar totalmente imóvel seja o problema. Ou o problema está exatamente num acontecimento um tanto anterior e decisivo para que as coisas tenham chegado até esse ponto: o fato de eu ter nascido.
Sim, estou em cima do muro e não consigo sanar mais uma das dúvidas que parecem desafiar meus sentidos, principalmente, o de realidade. Ficar nessa situação de dúvida eterna não é nada legal, e, aliás, não vejo nenhuma vantagem em se ficar em dúvida sobre as coisas, não me ocorre uma agora.
Pensem comigo: se você tem que escolher entre duas coisas, e isso deve ser feito para que a vida possa seguir o seu curso, seja ele qual for, por que então enrolar ou empacar a vida por causa disso? E aí, eu penso: porque existe uma coisa coisa chamada insegurança. Insegurança descreve o estado da pessoa que, mais do que uma incerteza, ela não tem confiança em si mesma.(*)
Isso é, no mínimo, triste. Confiar em si mesmo é muito necessário para que uma pessoa saía por aí e dê um rumo à sua vida. E para mim tudo isso é muito confuso, porque mesmo que eu saiba do que se trata, ainda não consigo mudar esse meu jeito de ser empacada. Que droga, do que me serve ter um monte de amigos psicólogos e não rolar de usufruir dos seus bons serviços...
E como a minha ainda atual condição de desempregada não me permite sequer sonhar com uma sessão de terapia, me resta fazer aquilo que muitos de nós aprende a fazer quando as saídas são escassas - começa a se virar (claro, depois de dar uma passadinha nas profundezas da depressão - mas isso não é obrigatório para todo mundo, ainda bem). Vale dizer que um pouco de angústia é sempre necessário para querermos mudar.
Fiz o maior "esforção" e espero ter dado início ao movimento que irá me levar para a grande virada, e 180 graus é um longo caminho a percorrer. Quando eu chegar lá, eu aviso...

(*) Ref. "Dicionário de sinônimos da Língua Portuguesa"

Pior que um coração partido, é uma alma vendida - Senadora Heloísa Helena, Programa do Jô (08/06)

sexta-feira, 28 de maio de 2004

Nossa! Acabei de assistir pela quinta vez ou mais, o filme "Um sonho de liberdade". Olha, não é a toa que eu vi tantas vezes esse filme. Já fazia um tempão que eu tinha visto, já tinha esquecido boa parte das coisas, só lembrava o grosso da história. Mas o que é realmente impressionante nesse filme são os detalhes que tem na história; esse filme tem uma trama meticulosamente arquitetada pela mente de um prisioneiro de uma rigorosa penitenciária, essas tipo "de segurrança máxima". Mais do que uma grande aventura, a história narra, com poesia, sobre a amizade, que é colocada como o "além da trama", deixando ainda mais emocionante o final - que é claro, eu não vou contar. Confesso que fui às lágrimas no momento em que a trama começa a se desenrolar, é lindo. Acho que a história faz sentido no momento do desenrolar da trama, pois, por conta de uma das cenas anteriores, dá o sentido de que se está realizando um sonho. É sempre bom ver sonhos realizados, ainda mais os que são narrados com tanta poesia, que já começa no título - no caso em português, que, em sendo uma excessão, imprime muito bem a idéia do filme - "Um sonho de liberdade". Espero que depois disso, as pessoas que ainda não viram esse filme, estejam com vontade de ver. Vale a pena.
Só agora que ficou mais claro para mim um dos assuntos do filme - amizade - é que eu gosto muito de filmes que falam de amizade, ainda mais o que são poeticamente narrados - e é só por isso, viu, pessoas que me conhecem, que eu gosto de "Tomates Verdes Fritos". Aliás, recomendo também, principalmente pensando que é uma história que fala de amizade.
Gostaria de falar sobre amizade, mas acho que ainda não é a hora. Vou pensar melhor sobre isso. Não que eu não saiba o que é amizade, pois posso me considerar uma pessoa com muita sorte, e porque não qualidade, em matéria de amigos. Mas acho que justamente por isso, tenho que ver bem o que vou escrever.
E como sei que muitos dos meus amigos lêem esse blog, não vou arriscar escrever qualquer coisa, né?

quarta-feira, 26 de maio de 2004

Sabe aquele momento nas entrevistas chamado "ping-pong" ou "jogo rápido", onde se lança uma pergunta e a resposta deve ser breve? Então, sempre perguntam: Arrependimento? Por muitas vezes ouvi pessoas respondendo que não se arrenpendiam de nada, que não devemos nos arrepender das coisas que fazemos e imendavam uma lista enorme de conselhos tirados, provavelmente, dos livros de auto-ajuda.
Aí, eu, jovem telespectadora, ficava me achando a pessoa mais imprestável do mundo porque, assim que se fazia a pergunta, já ia pensando num cem número de coisas das quais me arrependia profundamente de ter feito, não feito, falado, não falado... Em consequência, minha autoestima caía a zero e eu, mais uma vez, me igualava às hienas africanas que vivem da podridão. Oh, céus! Que drama.
Isso só soma mais uma coisa da qual eu me arrependo, a de ter tomado a verdade dos outros como minhas e ficar me arrependendo daquilo que nunca fui por estar sendo eu mesma.
Se arrepender não precisa ser uma coisa horrível, daquelas "vamos falar de outro assunto, por favor". Tem algumas coisas das quais fico feliz de me arrepender, aquelas que se cospe pra cima e acaba caindo bem no meio da testa, por exemplo:
* Ter recusado convites para sair, fazer balada ou outros eventos por vergonha de não saber dançar e, principalmente, porque achava que eu era a pessoa mais sem assunto do mundo e acabaria criando situações chatas, de silêncios incomôdos. Hoje, tendo condições, não recuso um só convite para ocasiões que me pareçam uma boa oportunidade para conhecer, ver ou rever pessoas.
* Ter pensado e falado mal da região sul do país, a qual acreditava que não tinha nada de interessante e de que seus habitantes não passavam de pseudo-europeus que excumungavam seus ancestrais por terem vindo para um país sub-desenvolvido. Para minha grande surpresa e, porque não dizer, sorte, uma estadia de quatro dias em Porto Alegre me fez mudar radicalmente de idéia, a ponto de passar a pensar seriamente em viver naquela cidade maravilhosa, com pessoas educadíssimas e lindas.
* Ter deixado de posar para muitas fotos das quais tirei e ter a sensação, vendo-as hoje, de não ter feito parte daqueles momentos. Hoje em dia sou figurinha carimbada, adoro aparecer nas fotos, tanto minhas como de amigos ou de qualquer um que não se incomode com a minha presença no enquadramento.

Se arrepender é um exercício de tolerância consigo mesmo. E ele te dá oportunidade de fazer diferente, acho que isso é importante, a partir do momento em que você se arrepende você pode escolher mudar.
Se arrepender, para mim, é como me dar uma nova chance de sentir e viver as coisas para as quais, em outros momentos, estava insuficientemente atenta para perceber que haviam nelas um sentido de existirem ou de serem como são.

quarta-feira, 19 de maio de 2004

Olha, devo confessar a todos que eu gosto de estudar. Para alguns pode parecer muito estranho gostar de uma coisa da qual, por muitas vezes, as pessoas reclamam de ter que fazer.
Pude, faz pouco tempo, ter o prazer de assistir essa aula. E como já fazia algum tempo que não tinha, senti com maior/melhor gosto viver essa experiência.
Mas agora eu fico pensando, por que é que eu gosto de estudar? O que poderia explicar esse meu gosto?
Bem, é claro que eu considero as coisas clichês tipo que estydar te faz aprender sobre as coisas e tals. Mas, levando em conta que gostar de alguma coisa querer dizer que isto lhe proporciona, sobretudo, prazer, parece-me mais fácil, desse modo, encontrar as razões para gostar de estudar.
Sinto um imenso prazer quando, em sala de aula, ouço alguém falar com propriedade e bom senso o proposto, e se permite sair deste sempre que novos caminhos se fazem mais interessantes de serem seguidos.
Sinto imenso prazer de ver alguém falar com clareza e fluência idéias, por vezes, complexas e intrincadas, mas que sua retórica as fazem parecer uma simples questão de lógica.
Estudar envolve também o prazer de manusear livros e outras tantas formas em que é apresentada a palavra escrita. Não posso descuidar aqui e acabar falando do prazer da leitura, porque dá margem a outra via de pensamento...
Algumas vezes, estudar pode criar aquelas situações em que temos que nos pegar com ímpeto à tarefa de ler, mas é tão bom quando nos deparamos com teorias, idéias ou pensamentos, histórias de vida, de lugares ou de coisas, tão interessantes, instigantes e tocantes que te fazem ter a sensação de que não está sendo um tempo perdido.
Está aí, o estudo como algo prazeroso, ao menos para mim, envolve poder se prender a uma tarefa na qual tem-se a sensação de que se está aproveitando a vida e agregando, a cada idéia, uma nova parte do mundo à si mesmo.
Vou me permitir deixar uma mensagem de Baruch de Espinosa, filósofo nascido em Amsterdam. Tem uma biografia fabulosa e suas idéias são realmente muito avançadas para a época em que ele viveu. Ele nasceu em 1632 e morreu em 1677. E como todo bom pensandor, morreu de Tuberculose.
Mas demos a palavra a Espinosa, às suas idéias:

"A filosofia de Espinosa é uma crítica da superstição em todas as suas formas: religiosa, política e filosófica. A superstição é uma paixão negativa da imaginação que, impotente para compreender as leis necessárias do universo, oscila entre o medo dos males e a esperança dos bens. Dessa oscilação, a imaginação forja a idéia de uma Natureza caprichosa, dentro da qual o homem é um joguete. Em seguida, essa concepção é projetada num ser supremo e todo-poderoso, que existiria fora do mundo e o controlaria segundo seu capricho: Deus. Nascida do medo e da esperança, a superstição faz surgir uma religião onde Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico. A superstição cria uma casta de homens que se dizem intérpretes da vontade de Deus, capazes de oficiar os cultos, profetizar eventos e invocar milagres. A superstição engendra, portanto, o poder religioso que domina a massa popular ignorante. O poder religioso, por sua vez forma um aparato militar e político para sua sustentação, de forma tal que a superstição está na raiz de todo Estado autoritário e despótico, onde os chefes se mantêm fortes alimentando o terror das massas, com o medo dos castigos e com suas esperanças de recompensa. Toda filosofia que tentar explicar a Natureza apoiada na idéia de um Deus transcendente, voluntarioso e onipotente, não será filosofia, será apenas uma forma refinada de superstição."

De repente sinto como se tivessem aberto meus olhos e algora eu esteja realmente enxergando... Quem não diria que este cara foi um profeta, hein?

quinta-feira, 13 de maio de 2004

13/05/2004

Quem acompanha minimamente aos noticiários já deve estar sabendo do mais novo escândalo jornalístico protagonizado pelo correspondente do jornal ameircano The New York Times Larry Rohter, acusado também na Argentina de ter publicado notícia falsa sobre a tentativa de formação de um Estado independente da Patagônia.
Sem querer aqui questionar a tão ovacionada liberdade de imprensa, que, por muitas vezes, trás aos jornalistas a impressão de que têm passa livre para falar o que bem entendem e ainda se acharem nesse direito, o negócio é que, sem sombra de dúvidas, este jornalista conseguiu o que queria: desviar toda atenção nacional e internacional dos assuntos sérios para se concentrarem numa noticiazinha totalmente infundada como esta que ele quis, com muito pouca sutileza, acusar o nosso presidente deter algum problema com álcool.
É mais do que claro ser esta uma inverdade, o que, pensando na vida que levou Luis Inácio, as condições em que foi criado e depois vê-se como um metalúrgico, trabalhador, explorado e com salário baixo, não seria incomum e muito menos repreensível que ele tivesse passado por algum tipo de adicção. Vida essa muito diferente dá que viveu George W. Bush, mas que não o livrou de ter problemas com álcool. Se alguém não sabia, Bush é um alcoolista abstênico e, como é certo, nunca foi colocada em dúvida sua competência levando-se em conta este seu passado.
Agora todas as críticas estão recaindo sobre o governo por ter tomado a decisão de expulsar o jornalista descuidado de nossas terras. Ora, não vou dizer que achei ruim, pois o cara pegou pesado, mas também não sei avaliar se a decisão do governo foi a mais acertada, mas todo mundo está acusando o governo de ter assumido uma posição que não condiz com o espírito brasilerio de liberdade e democracia.
Quer dizer, esse negócio de tomar atitudes drásticas não é a nossa cara, por isso estamos fadados a sempre ter que ser os bonzinhos e politicamente corretos. Bem, pelo jeito foi por esse mesmo parâmetro que os E.U.A. proíbe, desde 1949, um jornalista estrangeiro de entrar em seu país por ter feito críticas à bomba atômica; e que mais recentemente, o cantor Caetano Veloso teve que cancelar shows nos E.U.A. por ter feito críticas ao atual presidente norte-americano. Esta informação foi dada no Jornal da Cultura. No Jornal da Globo, soma-se a notícia da expulsão de um jornalista iraquiano dos E.U.A., o único dessa nacionalidade que lá havia.
O que esta situação me lembra é que, como nos desenhos animados, os mauzinhos, volta e meia, põem em ação seus planos diabólicos, são acusados, julgados e punidos, mas ganham novamente seu direito de errar. Já os bonzinhos, quando saem da linha, são amplamente criticados e suas atitudes erradas não têm perdão. No mínimo têm que deixar o planeta para reparar o seu dano.
Só espero agora que as peripécias desse jornalista yankee não venha manchar, mais do que já coseguiu, a imagem do país e da figura do presidente.
E que sejam, sim, mandados para o espaço todos os mentirosos, caluniadores que fazem uso de má fé de um veículo tão vital para a concientização mundial dos fatos que determinam sermos, hoje, a sociedade desumana que somos.

segunda-feira, 10 de maio de 2004

Uma daquelas coisas difíceis de explicar é o nosso gosto por música.
As infindáveis possibilidades de construção de uma canção, levando em conta o conjunto de sons, tons, notas, tempo..., faz nascer um número tão vasto de estilos e rítmos que fica até difícil dizer qual o som que mais se gosta.
Tudo bem, eu sou daquelas que na frente do nome está um sinal de igual e depois vem escrito "dúvida", o que não me faz a melhor pessoa para fazer escolhas, então prefiro, no que diz respeito a música, me considerar uma pessoa eclética - talvez para aliviar minha insegurança... mas sobre isso eu falo outra hora.
Pois bem, o que estou querendo dizer é como eu acho incrível que seja possível certas identificações com um determinado tipo de música. E nesse campo, é fato, não existem fronteiras e/ou barreiras.
Neste caso me considero um bom exemplo. Não sei se é falta de sensibilidade nos ouvidos, mas tenho, na mesma lista de reprodução, sons que vão de Renato Teixeira, passando por The Smiths, Tracy Chapman, Evanescence, até a minha mais recente paixão auditiva, Souad Massi. Trata-se de uma cantora argelina, que se refugiou na França e lá passou a colocar em melodias todo seu sentimento e emoção no mais belo estilo...árabe!
E aí se explica, ou melhor, não se explica, o que me faz gostar desse som composto por instrumentos estranhos e numa língua completamente incompreensível que não me permite, sequer, imaginar qual o assunto que está sendo tratado na música. O que posso dizer é que quando a ouço cantando me desperta aquele sentimento que comumente nos referimos como COISA. É isso, me dá uma COISA que vem de dentro e se espalha pelo corpo inteiro, cada póro, provocando um certo arrepio e um sentimento de "bem-estar", ou seja, desperta coisas também inexplicáveis, que sentimos não sabemos bem como nem porque.
Será esta a mesma coisa o que explicaria dentre tantos bilhões de habitantes neste planeta, encontrarmos um(a), aquele(a) que se vê (ou não se vê, porque os cegos também amam), se conversa ou, sei lá, aquele(a) que quando se dá conta, já era, acende a luzinha e vem aquele pensamento: é isso!!
Vejam bem, não estou considerando aqui nenhuma relação de tempo envolvidas neste fenômeno, só estou pensando mesmo no momento em que acontece. E eu me lembro bem do momento em que me apaixonei por Souad Massi: ouvi sua bela voz ao acordar no meu segundo dia de estágio numa clínica psiquiátrica na França, depois de um dia extremamente cansativo em que não entendia uma só palavra que me era dirigida.
E do desespero da incompreensão absoluta, aquelas melodiosas frases em árabe me disseram tudo o que eu precisa ouvir: a melodia, as notas, os tons, nem mesmo as palavras explicam; o que melhor se explica é aquilo que se sente.

quinta-feira, 6 de maio de 2004

Faz um pouco de tempo, fiquei na cabeça com aquela idéia de que o gostoso de não fazer nada é quando você tem alguma coisa para fazer, e quanto mais coisas para fazer, melhor é ficar sem fazer nada.
Pois é, parece brincadeira, mas estou sentindo falta de ter que fazer dezenas de coisas ao mesmo tempo, com aquela sensação de que não estar fazendo nada direito, mas tudo bem. Ainda mais eu que sou uma pessoa totalmente sem limites, me peguei por várias vezes no exercício de tentar chupar cana e assobiar ao mesmo tempo.
Mas agora que ando sem ter que ir a duas reuniões no mesmo horário ou a duas supervisões de estágio no mesmo horário - como aconteceu no quarto ano da faculdade - fico me sentindo uma inútil, aí me deprimo e acabo não tendo vontade de fazer alguma coisa: círculo vicioso.

Sem palavras...


Mas também, isso é culpa desse regime capitalista sob o qual somos obrigados a viver. Faz do ócio algo totalmente indesejável, pois afinal o grande lance é produzir, mais e mais... Mundinho cruel em que a gente vive, não?
Vou ser a prova de que o ócio é um grande ativador da criatividade...me aguarde, mundo cruel.
Só para começar, veja só que foto pitoresca encontrei procurando simplesmente nada na internet...

quarta-feira, 5 de maio de 2004

Para não dizerem que este blog não tem nada de útil, vou fazer algumas recomendações para alimentar a alma de cultura.

Todas as segundas-feiras, na TV Cultura, à meia noite começa o "Universidade da Madrugada". Primeiro passa, todos os dias o "Contos da Meia-noite" (que também passa às 20h) com ótimos textos da literatura mundial interpretados por grandes atores do plantel nacional, tipo Antônio Abujanra, Matheus Nachitergaile, Marília Pera, Fernanda Torres, Giulia Gam, Maria Luisa Mendonça e outros.
Já às segundas-feiras, meia noite e quinze, passa o "Balanço do Século XX", uma palestra televisionada sobre pensadores que influenciaram a construção das idéias do século passado. Já foram apresentados dois programas, sendo um pelo psicanalista Ney Branco sobre o Freud e outro pelo prof. de Ciências Políticas da Usp Gabriel Cohn sobre Weber. Os dois programas foram muito interessantes, os palestrantes muito bons e o próprio programa tem um formato que favorece a absorção dos conceitos. Dá até vontade de anotar...eu, no caso, estou gravando os programas...
Meu blog também é cultura!
Achei legal uma idéia do Weber. Segundo ele, a sociedade é, fundamentalmente, um campo de forças, dinâmica, que gera tensões, cuja função é a construção de vínculos persistentes entre os homens. Gostei desse conceito porque ele explica a noção de ser humano como ser social, que tem na relação com o outro fonte fundamental de existência.
No meu caso, alguns dos outros com quem gostaria muito de me relacionar estão longe, espalhados, literalmente, pelo mundo. E, como para continuar existindo, ando passando muitas horas do meu dia conectada à internet, lendo enlouquecidamente minhas caixas de e-mail (tenho 3, nem sei para que tudo isso!), logada no MSN e, mais recentemente, links de comentários do blog para meu e-mail e visitando os blogs dos amigos. Tudo na tentativa de continuar me relacionando. Só espero, sinceramente, que este relacionamento virtualziado não mantenha esta condição. Que possamos, por circunstâncias, mesmo que as do acaso, voltar aos bons tempos de nossa amizade.
Voltando a falar no século passado, nossa amizade nasceu no longíquo século XX...olha só!
Caramba, acho que eu fiz uma associação de idéias meio ousada, né? Fui de Webber à nossa amizade, ou seja, esse isolamento está mexendo com os meus miolos...

Mudando de assunto, vejam só. Estava atualizando algumas coisas no pc pelo site da Microsoft quando me deparei com o número estrondoso de línguas para as quais o Windows já foi traduzido. São elas: francês, espanhol, italiano, sueco, holandês, noruegues, dinamarquês, finlandês, tcheco, polonês, português, húngaro, russo, grego, turco, chinês, coreano, japonês, inglês, alemão, tailandês, árabe e, acreditem, hebraico e vietnamita. Alguém tem dúvida de que a globalização já está instalada?

Só para terminar, uma frase que recebi do instrutor no curso on-line de empreendedorismo que estou fazendo: "O que quer que possa fazer ou sonhar em fazer, comece-o. Existe algo de genialidade, de poder e de magia na coragem...", Goethe.

segunda-feira, 3 de maio de 2004

Como devem ter percebido, mudei o template do blog na tentativa de deixá-lo mais com a minha cara - quem me dera que fosse igual a dessa menininha do mangá!
Estou contente pela mudança e espero que as forças obscuras da tecnologia que envolvem a manutenção desse mundo virtualizado não detonem com a minha criação.
Acho que essa mudança tem haver com uma frase que li no blog da Clara outro dia: "Um pouco de beleza se faz sempre necessária para suavizar tudo...".
É bom explicar, principalmente para aqueles que não têm blog, que pensar, arquitetar, planejar, cuidar, criar um blog envolve um sentimento de cuidado e carinho comparável com a criação de um filho...Demanda uma boa dose de tempo e saco para ficar procurando o melhor visual, que tenha haver com o tema e com você, ficar se matando para aprender alguma coisa de linguagem html para conseguir colocar uma simples linha divisória entre os textos, além de outras coisas pé-no-saco que se precisa para chegar o mais próximo do seu ideal. Então, respeito com o blog dos outros, viu?

sexta-feira, 30 de abril de 2004

Não, essa foi demais. Dentre os vários absurdos que a gente é obrigado a ver, ler e escutar pelos meios de comunicação, o mór foi o e-mail promocional que recebi de um novo produto, um creme que promete tornar a mulher que usá-lo o pedaço de carne mais atraente do pedaço.
Pois é, trata-se de um creme adicionado de FEROMÔNIOS que atraem, por meios obscuros (pelo menos pra mim), os machos da nossa espécie. Acho isso no mínimo uma covardia e, sem dúvida, uma puta sacanagem, e por razões óbvias.

Já não bastassem todos os apêndices que a mulherada anda lançando mão para ver se laça um garanhão, tipo plásticas, liftins, próteses, maquiagens, implantes, etc., que as tornam uma grande mentira ambulante, mas que pelo menos ainda davam uma chance a posteriori de serem desvendados pelos pobres homens - embora sempre haja os gostam de ser enganados - agora surge essa nova onda que apela para os instintos mais arcaicos da espécie para satisfazer esse outro instinto mais forte na fêmea que é mostrar que ela é a melhor dentre todas para ser comida.
Mas mal sabem as fêmeas que a ditadura da beleza está afastando cada vez mais suas possibilidades de arranjar um macho e, pior que isso, mantê-lo junto de si. Vi hoje num documentário sobre beleza e relações matemáticas que uns cientistas constataram que hoje em dia a oferta de pessoas belas em revistas, outdoors, tvs, livros, desfiles, concursos e etc., "cria" nos homens a sensação de que ele pode encontrar lá fora coisa melhor do que o que ele tem em casa. E como ao mesmo tempo as mulheres vão procurando cada vez mais superar as outras nesses quesitos físicos, está decretado o fim da monogamia na nossa espécie. Pois é fato que o amor está sendo superado pela hipertrofia muscular.
Só para embasar essa colocação, uma outra pesquisa comentada na CBN (a rádio que toca notícia), mostrou que o que atrai os homens em primeiro lugar é sim a bunda. E para as inglesas, o que as atrai nos homens são os sapatos.
De tudo isso concluo que certa estou eu que sou lésbica, pois não estou nem aí para os homens que também não tão nem aí para mim, e a oferta de mulheres fica cada vez maior e de melhor qualidade. E vou consolar todas as largadas, pois não há coisa melhor do que outra mulher para entender os sofrimentos da fêmea da nossa espécie.
Espécie que se continuar se baseando em conceitos tão vis, vai dar origem a uma nova linhagem de seres lindos e vazios.

quinta-feira, 22 de abril de 2004

No embalo deste rítmo louco e alucinante em que está minha vida, tenho tido muito aquele sentimento de que "ignorância é felicidade".
Lembro-me bem de quando não tinha muitas razões para pensar nos acontecimentos da minha vida como sendo nada mais do que consequência da minha falta de experiência, da minha burrice ou da minha incompetência. Tudo se explicava porque eu era feia, gorda e não sabia conversar.
Pois é, bons tempos esses, quando nada do que dizia respeito à psicanálise poderia explicar o meu triste lugar no mundo.
Mas agora já era, tô com isso, esses conceitos e paradigmas para sempre encrustados na minha cabeça, como as cracas que ficam coladas ao redor dos olhos da baleia.

E assim como a baleia não tem mãos para simplesmente arrancar aquilo da cara dela, eu também não posso simplesmente esquecer tudo o que apre(e)ndi depois de uma faculdade de Psicologia.
Um exemplo de como isso "contamina" o nosso olhar sobre as coisas foi numa exposição que visitamos lá em Porto Alegre. Tinha uma instalação entitulada "A grande cuia" que era basicamente um monte de cuias grudadas pela boca que tomavam a forma de uma estrela de várias pontas. Para pessoas "normais" aquilo era o que era, mas depois, discutindo com dois amigos "psis", um deles comenta: "O que era aquele monte de chupeta grudada, parecia um bico de peito... Eu falei: "Não, eram cuias (só porque eu tinha lido o nome da instalação é que consegui deduzir, porque tinha tido a mesma primeira impressão). Daí ele falou: Puta... já tava vendo um monte de peito, "seio bom, seio mal, vixe"... E foi então que concluímos que já era, não tinha mais jeito, estávamos fadados a olhar para o mundo daquele prisma, com aquela lente que quer enxergar o que há por detrás e tal.
Bem, e como também não tem um botãozinho para acionar ou não essa lente, às vezes fico vendo mais do que gostaria em algumas situações. É claro, as que dizem respeito à mim, ao meu jeito louco e alucinado de lidar com os tais acontecimentos que envolvem minha existência. Tudo dá pano para manga, associações grotescas, mas que estranhamente fazem o maior sentido para tudo o que anda acontecendo. O foda mesmo é saber que saber de tudo isso não é garantia de que algo mude, a não ser que você assuma sua responsa, coloque o corpinho na jogada, se implique, e faça as coisas realmente acontecerem por você.
É uma grande lição, eu acho, mas poderia ser um pouquinho mais fácil, né!, tipo uma pílula sem efeitos colaterais e com gosto de morango que fizessse tudo ter sentido dentro de uma hora depois de tomada... Quem nos dera, né, Freud...
A letra desta música do Biquini Cavadão, até falei dela umas postagens atrás, retrata bem o meu estado nestes tempos... então vai lá!

Título: Tédio - Biquini Cavadão

Sabe esses dias em que horas dizem nada
E você nem troca o pijama, preferia estar na cama
O dia, a monotonia tomou conta de mim
É o tédio, cortando os meus programas, esperando o meu fim

Sentado no meu quarto
O tempo voa
Lá fora a vida passa
E eu aqui a toa
Eu já tentei de tudo
Mas não tenho remédio
Pra livrar-me deste tédio

Vejo um programa que não me satisfaz
Leio o jornal que é de ontem , pois pra mim , tanto faz
Já tive esse problema, sei que o tédio é sempre assim
Se tudo piorar, não sei do que sou capaz

Tédio, não tenho um programa
Tédio, esse é o meu drama
O que corrói é o tédio
Um dia, eu fico sério
Me atiro deste prédio.


Tá falado...

terça-feira, 20 de abril de 2004

É, tá acabando... esta semana acaba o período de aulas da disciplina que estou - quase estava - cursando na pós. E agora, dentre as coisas socialmente aceitáveis como ocupação e que devem ser, necessariamente, fonte de ganho capital, me pergunto: "O que vou fazer?".

Pensando nesse momento enquanto parte de um processo, vou esperar até começarem novamente as inscrições para aprimoramentos e especializações, que sejam públicos, é claro, ou então mestrados, sejam em terra brasilis ou no além mar.

Agora, pensando enquanto necessidade, devo dizer que não posso esperar mais, pois esta condição anda sendo decisiva na manutenção da minha saúde mental. E digo porque: convivência em família depois de cinco anos fora de casa, tendo experimentado o gostinho da liberdade e desfrutado de uma vida dentro das suas covicções e rítmo, é realmente uma missão para adeptos do zen-budismo. Digo isso porque só tendo tanta paz de espírito para agüentar as implicações, histerias, moralismo e falta de noção da realidade... bem, essa é a minha situação!

Acredito ter razões para não estar muito contente no momento, por várias motivações, dentre elas a que acabo de descrever.

É isso aí, não basta estar desempregada, ainda estou longe dos amigos, sem dinheiro, sem conversas discontraídas, sem cafés da tarde, sem visitas inesperadas de quem no portão te recebe com um sorriso, sem os papos entre a fumaça verde, sem as noites intimistas de filmes com pipoca e colchã no chão, dividindo cobertores, porque andou fazendo frio nas noites de junho...

domingo, 4 de abril de 2004

Bem, como sou uma desempregada com pai e mãe, de vez em quando posso fazer uso fruto da minha parte na herança com pequenos momentos de lazer e descontração, o que significa que saí para a balada nesta sexta-feira e torrei a grana com breja.

A grande vantagem em se ser uma desempregada maior de idade é que você não tem que dar para sua mãe todas as coordenadas do lugar para onde vai, o número do telefone de pelo menos três amigos com o nome das respectivas mães, nem se comprometer a chegar antes da meia noite senão vai virar abóbora. Posso desfrutar daquele prazerzinho de quem já tá mais que desmamado é simplesmente dizer: "Mãe...tô saindo... Cadê a chave do carro?".
E o prazer aumenta ainda mais quando você está indo fazer uma balada gls... e como homossexual! Oh, delícia!

Pois é, depois de milhares de anos na seca de uma balada gay, finalmente consegui. Agora me pergunta: "Ficou com alguém?" E eu respondo: "Vai se foder!!"
Porque é claro que a lei do nosso amigo Murphy tinha que se fazer presente nesse momento. Quando saio decidida a beijar uma mulher, chove homem na minha horta. Fala, é um cocô ou não é? Já no caminho uns carinhas super gatinhos emparelham o carro com o meu e perguntam onde vou. E eu penso: "Eu não sei onde vou, mas vocês vão se foder!". Depois aconteceu uma coisa que me fez refletir profundamente sobre até que ponto pode chegar a imbecilidade humana.
Vamos combinar, existem baladas hetero, existem baladas gays e existem baladas gays femininas. Agora me fala, porque o maldito-bigode-impertinente-inconveniente tem que ir na balada gay feminina e ainda vir dar em cima de mim?! Provavelmente, pelo simples fato de ele ser um idiota, o que notei nas primeiras duas palavras que ele falou...
Se vocês perceberam alguma raiva nesta minha fala, não se enganem porque na verdade eu fiquei é muita PUTA mesmo, ainda por cima porque a mina-linda-estilosa-que-tava-dando-em-cima-de-mim foi embora enquanto eu estava no banheiro tomando coragem e pensando em alguma coisa pra falar quando me aproximasse. CO-Cô!
E já que a mina-linda-estilosa-que-tava-dando-em-cima-de-mim foi embora, fui tentar a sorte com outra e comecei a trocar olhares e sorrisos com uma mina que estava dançando em rodinha com suas amiguinhas. Rolou um embaço, mas de repente a rodinha deslocou-se inteira, num movimento bem pouco sutil, para perto de onde eu estava. Logo pensei: "Agora vai!" E eis quando crio coragem e chego na mina perguntando se ela gostaria de dançar comigo, a belezinha me fala: "Ai...é que essa música é especial para mim...eu quero dançar sozinha...". O que me vem na cabeça na hora: "HISTÉRICA!!". Mas é claro, ficou dando o maior mole, depois me vem com essa. Ah, faça-me o favor!!
Bem, fora os contra-tempos, a balada foi muito legal, música boa o tempo todo, pessoas bonitas e agradáveis. Com certeza voltarei de novo, mas espero ter mais sucesso nas minhas próximas investidas. Acho que eu tava meio enferrujada...Me fodi!

P.S.: É claro que eu não falo com a minha mãe daquele jeito, tão loucos...

quinta-feira, 1 de abril de 2004

São incríveis as coisas com que a gente passa a se preocupar quando não temos mais nada para fazer, quer dizer, naqueles momentos em que não estamos questionando nossa existência nesse mundo capitalista e você, mais do que nunca querendo fazer parte dele. O negócio é que ando seriamente pensando em mandar um e-mail fazendo uma reclamação para uma emissora de TV à cabo que tirou um dos meus desenhos preferidos do ar. Que que é isso, é um absurdo!

Dr. Katz é uma animação que conta o dia a dia de um terapeuta de competência duvidosa, solteirão, com uma secretária totalmente alienada do trabalho e que o maltrata e um filho de 25 anos que ainda mora com o pai e cujo intelecto diz que ele continuará nessa situação ainda por muito tempo; e não posso esquecer dos seus pacientes, fantásticos!, que narram suas loucas e desequilibradas vidas, tão iguais a de tantos por aí. Tá certo, tem uns muito loucos, que nem a mina que o marido sofre de SÍNDROME DE GELADEIRA: quando ele vai procurar alguma coisa na geladeira, apesar de estar na cara dele, ele não consegue ver. E o melhor é a mulher contando isso com uma voz anasalada e como se este absurdo fosse a coisa mais normal do mundo...

Por que tirar do ar um desenho que mostra a vida de um trabalhador medíocre, como tantos, mas cuja profissão o colaca em situações inusitadas e em contato com pessoas mais inusitadas ainda. Vou exercer meu direito de consumidora e reclamar!

Ainda em relação à televisão, meu passatempo preferido já que eu não tenho um puto nem para tomar um café do carrinheiro ambulante, encontrei no guia da TV a cabo mais uma fonte de humilhação e privação pela falta de dinheiro. O guia mostra a programação de todos os canais existentes e aí você é obrigado a ver que naqueles canais os quais não tem acesso, estão passando os filmes mais legais, os documentários mais interessantes e atuais, o show do seu cantor ou banda preferida, aquele filme que você não encontra nem a pau nas locadoras do bairro porque o mesmo carinha dono da locadora que não compra fita legendada porque não tem saída e, portanto, não lhe dá dinheiro, não quer arriscar comprar um filme que, apesar de muito bom, não vai ser apreciado pelos clientes. É, porque filme bom não quer dizer que vai ser assistido, o que vale é se o ator é da moda, bonitinho, se a atriz é gostosa... atuação, não precisa ser boa, pra quê! Vamos combinar que uma galerona tem esse pensamento, vai!

É isso, para o carinha da locadora (como para muitas outras coisas) não importa que você tenha possibilidade de escolha, mas sim que ele diminua os riscos e aposte na certeza de ganhar mais e mais grana com seu negócio, mesmo que o que ele esteja comercializando seja um lixo. E não adianta falar que filme é uma questão de gosto, pois realmente tem para tudo, porque também por isso ele deveria dar maior POSSIBILIDADE DE ESCOLHA!

No momento, eu gostaria de escolher ficar em casa sem fazer nada o resto da vida e ganhar pra isso.

Sonhar não custa nada...


Filmes da semana:

Jerry Maguire (ria da tragédia da vida alheia e aprenda que deve sonhar com os pés na realidade)
Billy Eliot (no meu caso, impossível não se identificar com o dilema sexual)
Os últimos passos de um homem (Shan Penn e Susan Sarandon, o tempo todo; uma freira avançadinha)

terça-feira, 30 de março de 2004

Estou eu aqui, no auge da desinformação, tendo vindo para uma reunião de grupo de trabalho que não aconteceu. Será que foi porque na última reunião eu saí tão abalada com o rumo que as discussões tomaram, tão profundas que não encontraram fim. E acabou, no fim das contas, entrando na velha lógica do amigo Murphy: "A primeira idéia é a melhor e mais viável". Taí, foram tão longe no blá-blá-blá, que só complicou e ninguém conseguiu descomplicar, muito menos eu que só fiquei assistindo ao desenrolar daquela grande novela.
Então, quando o tempo acabou, eu, estupefata, entrei no plano alfa de consciência me isolando no meu mindinho de "puta que o pariu, o que eu tô fazendo aqui" e nem prestei atenção quando falaram o dia da próxima reunião. Ai, que cocô...
Tá bom, eu não ajudei muito, mas pelo menos não atrapalhei, ao contrário das queridas colegas de trabalho, aquelas do tipo que repetem a última frase que alguém disse como se fosse a maior novidade, ou ficam fazendo intervenções, no mínimo cretinas, querendo dar sua contribuição " a nível de" pensamento profundo que só elas sabem dar.
Só fico com dó dos outros que até manjam, têm experiência e tudo, sabem argumentar e encontrar até pêlo em ovo na hora de levantar críticas e problemas, mas olha só, vocês sabem o que acontece quando duas pessoas que sabem demais entram numa discussão: GERASSE MAIS E MAIS DISCUSSÃO, e tão somente mais discussão pra ver quem consegue alçar maiores vôos na viagem interplenetária das idéias. Ai, que cocô...
Mas vamos lá, pensamento positivo, estou numa nova fase, novas experiências, conhecendo pessoas e pensamentos novos, mas espero, sinceramente, QUE ESSA MERDA DE FASE PASSE O MAIS DEPRESSA POSSÍVEL!!!!!!!!!!!

domingo, 28 de março de 2004

De dentro do armário, ao som de "Bem que se quis", vou tentando manter minha existência nesse velho mundo, que de tão, anda cansado de rodar, mas enquanto ainda lhe restam forças, eu também não posso parar. Vamos ver no que dá...
"Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz...", e é por isso que às vezes fico pensando se eu não ando pedindo demais, querendo mais depois de tudo que a vida e a sorte têm me dado.
Acho que a vida tem que parar de querer por mim... eu tenho que querer mais da vida, mas insisto: estou eu querendo demais?
Isso define bem como tem andado minha cabeça por esses tempos de tanto nada que já tô ficando cheia!! Tô um pote até aqui de tanto nada.
Agora, ao som de "Eduardo e Mônica" fica a mensagem implícita: ai que se acreditar que mesmo nas adversidades e apesar das diferenças, a vontade de que dê certo vai prevalecer... é esperar pra ver!
E o locutor anuncia: "A rádio da moderna MPB" e na sequência se ouve Baby do Brasil cantando Menino do Rio, e eu me pergunto - cadê a modernidade? - talvez no nome da cantora, ora Baby Consuelo, ex- Pepeu Gomes, visual anos 80, cabeleiras repicadas, ombreiras, rosa shock e verde limão... É acho que foi para apagar esse passado que ela resolveu mudar de nome, além de que não custa nada acreditar na sabedoria dos números e renovar o RG com um Y no lugar do bom e velho I, e aí acreditar que com isso sua vida vai mudar.
Bom, a gente vai acreditando no que dá porque assim a vida passa sem muitos arranhões e dá uma cobridinha naquelas coisas que se quer deixar pra trás.
Pra frente é que se anda!!!

Filmes da semana:

Garotos Incríveis (surpresa boa, xanãnans, alter-ego de olhos azuis)
Miniroty Report (ficção científica é isso aí, vai da imaginação do film-maker)
E.T. - O Extraterrestre (revisitando titio Spilberg)
Matrix Reloaded (...to be continued)

E tudo dublado, porque, segundo a mina da locadora, o povo tem preguiça de ler as legendas, então o espertão do dono da vídeolocadora só compra fitas dubladas. E reina o Império da Má-vontade!... É isso aí, minha gente...