domingo, 27 de junho de 2004

Estava em minhas andanças de desempregada, a caminho dos Correios para postar uns currículos, numa bela manhã de terça com um sol agradavelmente quente que me fazia sentir bem por estar andando um pouco. Estava um tanto aérea, os pensamentos a mil, mas com os olhos atentos, observando o movimento da cidade, quando avistei à frente uma jovem senhora acompanhada de uma menina de cabelos loiros e longos, vestida com o que parecia ser uma de suas melhores roupas, com um caminhar descontraído e despreocupado.
Acompanhei sua aproximação até o encontro inevitável e lancei um sorriso em sua direção, como se ao mesmo tempo quisesse lhe dizer um oi e cumprimentá-la por emanar tão espontaneamente aquele ar de doçura, simpatia, simplicidade e inocência.
E como é raro nesses tempos em que as pessoas não mais se olham e muito menos lançam olhares de simpatia para com o outro, aquela menina retribuiu meu gesto com um singelo e jovial sorriso, daqueles que valem mais que mil elogios e que fez correr por minhas veias a tal da felicidade.
A surpresa daquele encontro me impulsionou a olhar para trás, como para me assegurar que aquela menina realmente existiu.
E qual não foi minha maior surpresa, meu olhar deu de encontro com os dela, também estava a me fitar. Talvez ela tenha sido levada pelo mesmo impulso surpreendente que eu e isso somou mais um instante memorável àquele encontro improvável.
Agora me pergunto sobre o que deve ter passado pela cabeça daquela menina que no auge dos seus prováveis quatro ou cinco anos de idade foi capaz de um gesto tão encantador? Não sei.
E há anos luz de portar qualquer traço de pedofilia, se aquela pequena menina somasse uns 20 anos aos seus quatro, eu não a teria deixado partir sem antes perguntar seu nome e lhe dizer que, sem nada dizer, ela me havia feito uma mulher feliz...

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