quinta-feira, 26 de outubro de 2006

...Movimento pela Paz...

Estamos perdendo um tempo precioso em frente a esta tela que tudo promete e nada nos dá. Não dá?, assim não dá pra ficar. Só olhar não basta, precisamos agir. Movimente os dedos! Tudo bem, é preciso um pouco de coordenação, mas essa, definitivamente, não é a parte mais difícil. O difícil mesmo foi ter aguardado milhões de anos para desenvolver articulações adequadamente dispostas, sem falar do muitas vezes esquecido e não menos importante, polegar opositor.
Pois então, superado este pequeno obstáculo biológico e concomitante a ele, a garantia de uma massa encefálica também irremediavelmente grande, pesada e repleta de circunvoluções, e estamos prontos para realizar incontáveis AÇÕES.
A partir daí: caos, total e absoluto, tudo errado. E o que nos levou a isto? Tenho certeza, mas não posso provar estatísiticamente, que isso se deve ao egoísmo. Sabe essa coisa de ver tudo com o olhar voltado para o próprio umbigo, como se fôssemos floquinhos de neve pairando independentes neste mar atmosférico. Mas todo mundo sabe o que acontece quando um monte de floquinhos se juntam e resolvem agir: está iniciada uma avalanche!
Uma avalanche é o deslocamento desenfreado de milhões de floquinhos de neve que ganham uma mesma direção. Essa ação gera uma carga de energia tão enorme que é capaz de deslocar obstáculos muitas vezes maiores que qualquer um desses floquinhos sozinhos. Porém, esse movimento, apesar de grandioso é totalmente descordenado, resultando em...caos. E por que?, porque cada floquinho só quer saber de ganhar o seu espaço, passar à frente do outro, ser o mais rápido, chegar em primeiro. Eles só esquecem que impondo a regra do "garantir o meu lugar, chegando à frente a qualquer custo" é dar o aval para que outros façam o mesmo e, assim que se chega onde se quer, logo atrás viram uma tonelada de outros floquinhos desenfreados e ávidos para ganhar também aquele espaço.
Pois bem, nada adiantaram os milhares de anos de "evolução", polegar opositor e cérebros superdesenvolvidos se nossas ações ainda evidenciam o mundinho solitário do eu sozinho e que vá as pencas todo o resto do planeta, e, inclusive, o próprio planeta. Que social, que nada; que mané meio ambiente; o que, milhões de pessoas com fome, hã...?; direitos humanos, desde quando?! O que que eu tenho a ver com isso se o que me falta, na verdade, é o novo DVD do Cirque du Soleil. Ah, o meu time perdeu para o seu?, então tá bom, deixa eu quebrar aquele orelhão e aquela banca de jornal que eu já te mostro quem é que pode mais. Faixa de pedestre? Espera aí, eu tenho pressa, ganhar estes centímetros de asfalto vão economizar muito o meu tempo e, é claro, passar por aquele farol que recentemente tornou-se vermelho não vai atrapalhar, ainda mais que o fato dele, antes, ter estado amarelo não significasse absolutamente nada. Ah é, e porque eu vou gastar minhas digitais movendo a alavanca para dar a seta se a curva já está logo ali e é só virar...
Hum-hum, quer dizer que você está pensando em se separar de mim?, então acho que vou dar uns docinhos com granulados de raticida para os nossos filhos, aí, quem sabe, você mude de idéia, senão você já vai ficar suficientemente chateado e, para mim já basta.
Ah, mais eu queria tanto o dinheiro da sua aplicação e das ações da sua microempresa para realizar o meu sonho...já sei, você é minha mãe, certo? Eu sou seu filho único, certo? Se você morrer, o que é seu será automaticamente meu, ok?
Floquinhos de neve podem se tornar tremendamente perigosos se continuarem neste ritimo louco e alucinante de quererem tudo e mais um pouco para saciar os seus desejos tão seus, para tamponar esse buraquinho sem fundo que existe em seus peitos e que os fazem querer sempre mais e mais, pois, pensando bem, todos, floquinhos de neve e pessoas, querem mesmo uma só coisa: paz, como a que paira após uma grande avalanche, quando cada um se deu conta de que não adianta sair desenfreado afim de alcançar não se sabe bem o que, e todos param, põem-se lado a lado, se apóiam e se sustentam numa harmoniosa paisagem.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Série Impressões: Nefastas

Por que eu tenho a leve impressão de que nada vai mudar ou, pelo menos, de que nenhuma mudança realmente significativa irá acontecer em nossas vidas, assim, politicamente falando? Não sei, é só uma impressão...

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Seu sentimento tão meu...

Às vezes acontece desse jeito mesmo. Alguma coisa quer brotar na garganta, faz força para romper as duras e grossas paredes da angústia de não saber como expressar um sentimento inominável e, por isso mesmo abominável, difícil de encarar e ainda mais de entender. Mas eis que revirando as gavetas, ou em tempos modernos, as pastas de mensagens enviadas de longa data, surgem então as palavras escritas por uma daquelas amigas que, como outros, ainda que próximos, não nos alcançamos em meio aos arranha-céus de nosso entorno. Tão inabaláveis quanto estas estruturas é nossa ligação; e tão forte é esta última que nossos sentimentos se parecem, se encontram e se apóiam.
Eu entendo o quer dizer porque vivencio o seu sentimento. Esse susto que nos cala, esse caminho enigmático que desemboca na incerteza, mas que deve ir em frente ainda que assim não pareça seguir, porque ir adiante pode nos levar a um retrocesso, e sem volta; os atalhos podem se tornar tão longos e árduos quanto os pântanos tenebrosos que nos atravessam.
E, sendo assim, não há mais nada a dizer. Recolho-me e, como será dito, ensimesmada me mantenho até que eu possa entender o que se passa. Faço minhas as suas palavras:

“Eu queria que não revirasse, queria que não doesse. Mas doe, mas revira. Ela é gigante e eu pareço cada vez menor. Só uma boca, só um ouvido, só um ruído abafado. Desses que a gente solta meio sem querer, meio sem saber porque...só suspira e segue. Tantas vezes sem saber pra onde, só consigo saber que meu corpo está aqui - nesta cidade que me deixa ficar e que me deixa sem graça e me pergunta se rindo: "o gato comeu sua língua?". E eu sou a que não fala... a que enrubesce e não sabe o que fazer com as mãos. Mesmo assim tenho insistido. Talvez ela (tão grande!) se acostume com meu jeito de querer ficar quietinha até descobrir o que estou procurando, talvez eu me acostume com seu jeito de zombar de mim só pra me deixar irritada, só pra me fazer perder a paciência e revelar qualquer coisa de malcriada, de instantâneo, de descontente. Às vezes eu penso que ela simpatiza com pessoas assim... estouvadas. E vou seguindo assim-ensimesmada!-´procurando olhos e ouvidos imaginários que me amparam, acompanham, que me testemunham. Lembro de mim assim, de um jeito de querer ser invisível, talvez de uns quinze ou tanto mais anos atrás. Me vejo no re-início deste caminho de ficar livre de mim, livre dentro de mim. Até que eu possa olhar direto nos olhos dela e começar a falar.” De: A. Carrascoza

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Quero criticar

Segue abaixo a crítica que fiz pela internet no site da Rede Globo sobre a infeliz colocação do apresentador Renato Machado no jornal matinal e que fui, assim como muitos outros, obrigada a engolir junto com o café com leite daquela manhã:

QUERO CRITICAR

Esta é uma nota de repúdio ao infeliz comentário proferido pelo apresentador Renato Machado no Bom Dia Brasil d 25 de setembro deste.
No encerramento da matéria sobre o assassinato do Coronel Ubiratan Guimarães, o Sr.Renato Machado colocou-se no lugar de juiz do caso e decretou "É um caso clássico de crime por ciúmes".
Acho tremendamente temeroso este tipo de comentário em um veículo de comunicação, ainda mais com as proporções desta instituição que é notoriamente influenciadora da opinião pública. Vale ressaltar que à ocasião deste comentário, a suspeita Carla Capollina sequer havia sido indiciada pelos órgãos competentes.
Este tipo de opinião deveria ser resguardada para o bem público e para o bom encaminhamento das investigações que, em meu parco conhecimento, não carecem do julgamento de ninguém que não daqueles diretamente envolvidos no caso.
A imprensa tem, costumeiramente, querido ganhar ares de polícia e de justiça, investigando e julgando pessoas e instituições segundo os seus próprios princípios, ou diria, interesses?
Resta esperar que a ética, a moral e o bom senso passem a ter maior espaço nas telecomunicações para que não venham a se tornar prepotentes difusoras do achismo como verdades da nação.


Sei que não irão me responder, muito menos mudar sua conduta, mas já valeu por ter desentalado da garganta as bolachinhas que e tentava engolir junto com o café com leite...