terça-feira, 27 de julho de 2004

Se podemos acusar a espécie humana de alguma coisa é de fazer mal uso daquilo que lhe é mais peculiar enquanto ser mais evoluído deste planeta, a inteligência.
Embora não goste de afirmar esta pretença superioridade do homo sapiens por saber do que alguns animais são capazes e disso me deixar até triste por não termos mantido ou desenvolvido determindas habilidades, não dá para negar a estrondosa influência que os atos humanos exercem sobre o planeta.
A inteligência humana lhe permitiu desenvolver os mais complexos códigos de linguagem e comunicação, bem como traduzir e modificar quase tudo à sua volta, movido pelo anseio de conhecer e decifrar os porquês, senão das coisas, de si mesmo, da sua existência. E não há nada de errado em querer conhecer, mas acontece que as boas idéias são frequentemente corrompidas e utilizadas com fins outros que nem os próprios inventores imaginariam. Que o diga Santos Dummont que morreu de tristeza em saber que o avião estava sendo usado como arma na guerra.
Sim, o mal uso é o grande vilão das idéias. Vejam só o exemplo da televisão. Estava assistindo a um debate sobre televisão e sua influência na sociedade, e sobraram críticas. Até um cara, professor aposentado da Usp, bem pessimista e radical que em sua casa não tem televisão, que quase pediu uma queima geral dos aparelhos. Mas em meio às críticas, uma observação que passou um tanto desapercebida mas que para mim foi fundamental e decisiva, foi uma professora que disse que não existe boa ou má tecnologia. E daí pensei, o problema está no mal uso.
Existem programas ótimos na TV, é um canal maravilhoso de disseminação de idéias, arte, literatura, notícias, assim como a internet, mas quando feitos com bom senso e com objetivos edificantes. Porque então fazer coisas porcas, como os programas jornalísticos sanguinários que pululam pelos canais de TV, com o mesmo modelinho de apresentador revoltado, gritando à esmo o que já é mais que óbvio para todo mundo; ou os programas infantis com suas apresentadoras mais regredidas que as próprias crianças; ou os programas de auditório com seus quadros de humilhação à troco de banana, exemplo das "pegadinhas", e um apresentador-mediador-entrevistador e garoto propaganda, que o próprio acúmulo de funções indica a rebaixada qualidade de seu trabalho, faz de tudo e nada sai direito, e etc..
Algumas invenções são realmente geniais, como o próprio avião, a televisão, o computador, a internet, o telefone, a privada; se não fossem boas idéias, não seriam permanentes. Mas há que se ter cuidado, em todos os sentidos da palavra: pensado, meditado, refletido e atenção, para qua não passemos a ser considerados irracionais por não conseguir, sequer, ter como objetivo a boa qualidade e um bom aproveitamento daquilo que brota de nossas cabeças. E é claro, se o capitalismo e suas consequências desaparecessem, também seria ótimo.

terça-feira, 20 de julho de 2004

Lá ia ela pela terceira vez naquela semana fazer a curva à direita e enfrentar uma considerável subida pela rua paralela à sua casa, de onde havia saído após o banho merecido e indispensável naqueles dias de verão na cidade do sol. Antes essa lua fosse acompanhada de um belo e refrescante mar e sua brisa carinhosa. Mas não, esta terra está encrustada na região do Estado de S.Paulo que tem, por talento, imitar com quase exatidão o sertão nordestino. Por lá nunca chegou a ver o chão ressecado, craquelado pela estiagem, mas ver o horizonte distorcido pelo calor que exalava do chão, isto era de praxe.
Já havia vencido a subida e pegava a esquerda entrando na rua da casa de suas amigas. Assim como ela, suas amigas viviam em república, naquele esquema sem pai nem mãe e com um lema nunca dito, mas sempre praticado - "um por todos e todos por um". Fora qualquer relação, não chegavam a ser mosqueteiros aqueles que, como elas, partilhavam deste lema. Mas podia-se contar sempre, nos momentos de apuros ou de descontração.
A esta altura já estava à frente da casa e usava como campainha bater o cadeado numa das barras do próprio portão. Desta vez foi recebida por sua amiga usando pijamas, daqueles manga-longa azul com motivos que lembravam o céu: nuvens e estrelas, sol e lua dividindo o mesmo momento. Essas recepções não eram incomuns e podiam acontecer com qualquer uma das quatro que dividiam a casa e nos mais variados modelitos.
Há algum tempo a recepcão passou a ficar por conta de um boxer branco com uma pinta circular marrom localizada no meio do dorso, pendendo um pouco à direita, era sua marca. Além, é claro, de uma personalidade que o classificaria como "adulto com alma de criança". Sempre muito espontâneo, cumprimentava a todos com o vigor de alguém com cabeça de 4 anos, mas com corpo de 17, e sobravam lambidas e marcas de pata na calça ou na blusa. Mas fazer o que, era apenas um guri desajuizado querendo um pouco de atenção.
Mas qual poderia ser a razão que a terá levado até lá? E a isto ela responderia com outra pergunta: Por que deve haver uma razão para ir à casa de boas amigas?
E tudo logo se explicaria quando lhe vinha, em um flash, as diversas ocasiões, boas e ruins, alegres ou tristes, que ali havia passado.
Claro, não era a única agregada desta república, aliás o que "fazia" os momentos era a presença de um grande e variado número de pessoas que compunham a turma. Ah, é quanto coisa fizeram juntos... Em cada detalhe, com todas as cores, vai lembrando de cafés da manhã, grupos de estudos, almoços, sessões de vídeos ou mesmo o último capítulo da novela, um episódio de "Os Normais" e depois sair para a balada; e os cafés da tarde, antes e/ou depois de um bate-papo, muitos bate-papos.
Por que teria de haver uma razão? Era exatamente o que ela se perguntava agora, sentada em frente ao computador à escrever seus pensamentos. Hoje, passados longos meses que não compartilham mais desses instantes de bate-papo ao acaso, troca de confissões, diversão, reuniões e entretenimento, ela pára um instante e se dá conta de que as razões eram, então, boas desculpas para poderem, acima de tudo, dividir a amizade. A resposta para a pergunta já era sabida por todos. O que procuravam era desfrutar o momento, seja ele qual fosse, por uma ou outra razão, o importante era vivê-lo, pois daquela maneira, com aquelas pessoas, com o sabor que só a mistura de cada um poderia proporcionar, logo se tornaria difícil que se repetisse. Cresceram juntos, para serem o que são, apenas porque, um dia, estiveram juntos. Como bons amigos.

sexta-feira, 16 de julho de 2004

À guisa de apresentação
 
Eu me chamo Frida Ferida
e mais que uma rima,
meu nome é uma definição.
E ao mesmo tempo que
me designa, também
é uma explicação.
Nasci em tempos difíceis,
como vítima social e
da globalização, e
me sinto um paradóxido,
pois assim que me incluí no mundo
passei a viver na exclusão.

Desprovida de destino,
acredito que minha vida
é algo sem fundamento,
e explico, por agora,
que para maior descrição
me faltam elementos.
É que ainda estou mergulhada
na dor de minha ferida
que me corta o pensamento,
e essa dor egoísta
só me leva a mim mesma
em todos os momentos.

A despeito das lágrimas
geradas pela situação,
surgiu da adversidade,
num minuto de inspiração,
contar esta experiência
pautada na realidade.
Desse momento nasce o espaço
em que faço meus relatos,
e aproveito a oportunidade
de escrever o que sinto,
o que reflito e o que repito,
para manter a sanidade.

Ao começar não suspeitava
que as palavras me dariam
asas de passarinho,
me permiti alçar voôs,
quem sabe à procura
de encontrar meu caminho,
certa apenas de que
através de tais palavras
afastaria os espinhos.
Ganhei força, ganhei vida
e já não tenho medo
de abandonar o ninho.

Já não quero com a figura
de um pobre sofredor
uma relação pactuar.
Sou do povo brasileiro,
sou da luta pela vida
e corro atrás do meu lugar.
Acredito em que acredito
e estou sempre em busca
do que há em mim a econtrar
espalhado pelo mundo,
pois sou parte da terra,
um ser humano a errar.

segunda-feira, 12 de julho de 2004

Como é triste presenciar a mediocridade de certos profissionais que fazem, mais do que qualquer outra coisa, parte da massa incluída no mercado de trabalho.
Há algum tempo, em mais uma tentativa de entrar no esquema de troca de força de trabalho por capital, cuja escassez anda prejudicando tremendamente meu acesso aos bens de consumo culturais, ou seja, baladas, tive, vamos dizer, a oportunidade de presenciar o exemplo da capacidade ilimitada do ser humano de ser patético.
Depois de garimpar oportunidades nas páginas dos classificados de emprego, fui entregar meu currículo numa das empresas que ofereciam vagas. Depois de uma entrevista inicial com uma garota simpática e que falava mais rápido e jogado do que qualquer narrador de corrida de cavalos, cujo objetivo era convencer os candidatos da mina de ouro que era trabalhar naquele grupo, claro, depois de ceder um mês de trabalho voluntário, me dirigi a uma sala onde outros 20 e poucos desafortunados aguardavam a chegada do "gerente" que iria fazer a seleção do pessoal. Assim que coloquei a cara na porta, notei certa apreensão daqueles que já estavam ali presentes, e por que não dizer, certa aversão da minha pessoa, afinal eu era mais uma que iria competir pela sagrada vaga.
Ignorando a sensação de morte iminente pela qual fui tomada frente a tantos olhares faiscantes, me sentei na primeira cadeira perto da porta, mais pela proximidade do que para pagar uma de boa aluna. Estava eu preenchendo uma ficha que só faltava perguntar quais os meus planos após a aposentadoria quando ouvi me chamarem: "Frida, o que você está fazendo aqui?". Era uma amiga da faculdade que também tentava sua inserção no mercado. Ficamos ali trocando nossas experiências de recém-formadas desamparadas quando, de repente, adentra a sala um ser totalmente espalhafatoso que viria anunciar que o tal "gerente" havia chegado.
Como eu não tenho as orelhas nas costas, não me senti na obrigação de me virar para presenciar o anúncio de tal acontecimento, e continuamos conversando, deixando claro que falávamos num tom que mostrava que o assunto dizia respeito tão somente a nós duas e que ninguém tinha obrigação de ouvir nossas histórias.
Pensando bem agora, acredito que tenha sido o fato de eu não ter me virado e dado a devida atenção àquela entrada triunfal, pelo menos na cabeça daquela pessoa, o motivo da situação ter tomado proporções tão inimagináveis. Mas a alegação foi a seguinte: "Vamos ficar quietos e manter o silêncio, aí!". Notem: o tom usado foi o mesmo de um "cala a boca" bem mal educado. Naquele momento não me ocorreu nada senão virar para minha amiga e lhe dizer no mesmo tom em que conversávamos: "Ela está louca?". O que o ser disse depois disso foi tão improvável quanto sua primeira intervenção: "Vamos virar para a frente e ficar quieto. Tem que fazer igual primário agora!".
Meus caros, o que pode levar um ser humano dessa idade e naquela posição a soltar tão deliberadamente uma asneira dessa magnitude senão um desejo imenso de querer dar uma de superior? Afinal ela devia ser a sub-ajudante-assistente do co-coordenador da recepção!
E se vocês imaginam que tais barbaridades tenham sido um ato isolado de uma mente insana, saibam que o movimento que notei nos momentos seguintes provou que o espírito corporativista havia sido muito bem desenvolvido naquela instituição.
Acontece que cada uma das pessoas que trabalhavam naquele antro começaram, uma a uma, a entrar na sala tão somente para fazer uma pergunta: "Quem é Frida?". E com a mesma estranheza de quem acorda sem saber onde está, me vi em meio a uma grande cena cuja moral foi deixada bem clara pelo "gerente". Mas antes de anunciá-la, vamos à ele, o "gerente".
Com seu terno e sua gravata, ele entrou na sala com seu ar seguro. Somente tanta altivez poderia disfarçar os grotescos erros de português, do tipo "...na atualidade dos tempos de hoje", ou as generalizações infantis como "... pais que criam para o bem, o filho será bom; criados para o mau, será mau". Discurso facilmente comprado pelos menos avisados e pelos mais desesperados que balançavam positivamente suas cabeças.
O "gerente" avisou que ali a gravata e o tayer eram fundamentais, sem eles seria impossível começar a trabalhar. Se bem que ele não explicou porque, talvez por ele ser a prova viva de que a aparência engana, sim. E o "gerente" advertiu que ali estavam à procura de um perfil determinado, o de uma pessoa suficientemente inexperiente que pudesse ser facilmente "treinada". Sabemos bem o que ele quis dizer com isso, seus inúmeros exemplos deixaram todas as cartas abertas na mesa, e é aí que encontramos a moral da História.
Fico aliviada em saber que não me encaixo no perfil necessário para fazer parte daquela organização, não fui aceita, não me encaixava. Ainda bem.

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Não sou mais capaz de fazer reflexões sobre a vida que me levem além da realidade dos fatos, que me faça alçar pequenos vôos que tirem meus pés da solidez para atingir a fluidez dos ares.
Já não tenho asas. Meu poder de transmutar as moléculas do meu corpo e levá-las ao mesmo estado do pensar tem falhado nas últimas tentativas que fiz antes de dormir.
Não consigo nem mesmo olhar e dizer o que vejo, como o cego de infância que volta a enxergar e não é capaz de distinguir o mundo pelo olhar por ter estado até então preso ao toque, invadido pelos odores e inquieto pelos sons.
Sinto-me como o desinformado que está sempre por fora. No momento estou por fora, mas por que estar por dentro se tudo que lá encontro é o vasto labirinto insolúvel de conexões frágeis, inconsistentes?
Já não me assusto mais com os tropeços e as consequentes quedas, mas já me cansa ter que levantar.
Imagino as moscas com as patinhas grudadas na invenção de um cuzão vingativo que ainda ganhou uma grana patentiando sua arma mortal.
Vejam, falo aqui em nome da mosca. Falo em nome das vítimas da insensibilidade. Estou sem senso. Sem lenço nem documento. Estou sensível.
Àqueles que só a lembrança apazigua a dor, tanquiliza a alma e espanta a solidão.
Àqueles que me ensinam todos os dias o porque vale a pena acreditar num amanhã melhor e esperam comigo este dia chegar.
A esses seres humanos com quem divido/dividi meu mundo e que permitiram/permitem adentrar os seus.
Àqueles que me dão amor, não sei bem porque, não sei desde quando.
Àqueles que cruzaram minha vida e permaneceram, não sei bem porque, não sei até quando.

"Achei um 3x4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido há tanto tempo atrás
Um exemplo de verdade e respeito
Do que o verdadeiro amor é capaz.

A minha escola não tem personagem
A minha escola tem gente de verdade
Alguém falou do fim-do-mundo,
O fim-do-mundo já passou
Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um.

- O sistema é maus, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme.

E hoje em dia, como é que se diz:"- Eu te amo."?

Sem essa de que:"- Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz.

Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.

E hoje em dia, como é que se diz:"- Eu te amo."?
Vamos fazer um filme.

Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo"

Vamos fazer um filme - Renato Russo

sábado, 3 de julho de 2004

Um dos motivos pelos quais eu gosto da Língua Portuguesa é o fato dela ter uma palavra admirada no mundo inteiro - saudade. Esta palavra foi ranqueada em terceiro lugar das que conseguem exprimir a idéia mais complexa. É verdade, aconteceu um concurso onde dezenas de tradutores do mundo inteiro fizeram suas listas com as dez palavras mais difíceis de se traduzir o significado.
Achei a idéia do concurso interessante. O primeiro lugar, aliás justo, ficou com uma palavra de um dialeto africano que designa a pessoa que perdoa alguém por duas vezes, mas que pela terceira vez não perdoará mais. Específico, não? Pode!
Também gosto da história que há sobre a origem da Língua Portuguesa. Conta a lenda que nossa língua, essa que herdamos dos patrícios, os lusitanos, era um código usado entre os navegadores-piratas-lutadores daqueles tempos para se comunicar. Qualquer coisa para que os inimigos não soubessem seus planos. Dever ser por isso que rolam essas complicações de sintaxe, grafia e tudo o mais nessa língua.
Quero aqui humildemente confessar que sofro de um mal terrível. Eu sou uma daquelas pessoas que carrega o mal de não gravar nomes e muito menos de relacionar a pessoa ao nome, ainda mais se já estão passados longos tempos que não vejo a referida figura.
Juro que tenho tentado deveras* mudar este que se tornou um hábito, mas todas as coisas que já tentei fazer ainda não tiveram muito êxito; inclusive prestar atenção. Eu até chego a repetir depois da pessoa o nome dela, mas isso não reforça a lembrança.
E vejam só se não é uma ironia do destino o que me aconteceu no final de semana passado. Conheci uma garota - humm...humm...sem comentários maiores, digo, mais detalhados dos fatos -, nos apresentamos, conversamos um pouco e quando tentei chamá-la pelo nome, vazio. Já começava a me desesperar quando, para minha sorte, ela mesma falou seu nome enquanto contava uma situação passada em sua casa. Ufa! O alívio nesses momentos é incomparável, é como ser salvo de um afogamento e pela pessoa que te empurrou.
É, mas minha alegria durou pouco. A pessoinha estava me contando que já foi casada e tem um filho. Aí, eu, não contente com o que já tinha acontecido, fui me menter a perguntar o nome da criança. E como um aviso de que o que estava por vir não seria um nome qualquer, ela já foi dizendo em tom de advertência: "É um nome egípcio", e soltou o nominho. Antes não tivesse aprendido a ser educada e a perguntar o nome das pessoas, fala a verdade, ou, como no popular e bom português, fala sério.
Bem, até o momento não me ocorreu nenhum traço, nenhuma pista de qual era o nome do garoto, só me lembro que ela disse que significa "a luz do mundo". Vou contar que na próxima vez que nos encontrarmos, a guria vai contar alguma outra história e vai soltar o nome do erê dela. Podem ter certeza que eu vou perguntar de alguma história do bacuri.

* estou usando este deveras em homenagem a Machado de Assis que tenho lido muito ultimamente; quero agradecê-lo por me fazer amar ainda mais a Língua Portuguesa.
"Um ser humano só vira santo mesmo, depois de morto", foi isto que me passou pela cabeça quando vi a notícia da morte do Brizola na TV há mais de uma semana atrás.
É incrível este fenômeno religioso-jornalístico que acontece quando alguma figura ilustre vai dessa para melhor. A diferença desses casos para os santos reconhecidos pela Igreja é que, pelo menos estes últimos, necessitam de confirmação estatística para subirem na hierárquia sacra, isto é, faz-se necessária uma petição do povo com abaixo-assinado e também, como um pedido feito num site na campanha por um novo santo: "Será também necessário que numerosos Bispos escrevam a S. S. o Papa pedindo-Lhe a canonização e manifestando o interesse que o Povo tem por este assunto e as vantagens espirituais para a sua diocese".
Até a igreja se rendeu aos métodos inescapáveis da ciência empírica moderna para dar maior credibilidade aos seus produtos. Como todo bom negócio, ela não abre mão da procedência e qualidade da sua mercadoria para garantir a satisfação e lealdade da clientela.
Mas eu queria chamar a atenção para uma coisa que sempre me encanou: por que diabos eles chamam o João Paulo de "Sua Santidade 'O' Papa"? Por que "O"?. Com ceteza não para definir o gênero de com quem se fala, afinal Papa só pode ser homem e essa é mais uma das máximas da igreja. Então, mas ainda não me passou na cabeça nenhuma razão para o "o" do Papa, a não ser o fato de poder ser esta designação uma forma de reafirmar a exclusividade deste representante de Deus na terra em ter este título. Ele é "o" Papa, como "o" cara. Será que é por isso? Ah, não faço idéia e, quer saber, que fucking importância tem esse assunto, nenhuma.
Mas vocês acreditam que até cheguei a sonhar com alguém tentando me explicar porque desse "o". Oh, mente insana, não tem mais com o que se preocupar! Faça-me o favor...
Agora, só mais uma coisinha, gostaria de lançar o bolão: Quem será o próximo a bater as botas? Me desculpe, mas acredito, por razões óbvias, que Karol Wojtyla, o cara, é o top.