quarta-feira, 9 de junho de 2004

Estou eu aqui em cima de novo, totalmente paralisada, só conseguindo olhar para os lados e pensando: "O que é que eu vou fazer agora? Para que lado eu vou?"
Já me vi por tantas vezes nesta mesma situação que começo a pensar que é justamente a tensão de ficar olhando as possibilidades aqui de cima, pesando infinitamente os prós e contras de se escolher um dos lados desse muro, o que me faz continuar aqui. É, praticamente, a realização de um desejo da mesma natureza daquilo que dá prazer ao masoquista, a dor.
Dá uma sensação paralisante no momento em que são colocadas as alternativas, como um branco total na mente e no corpo que não faz nenhum movimento, muito menos em relação a dar uma solução ao problema. Escolher é um problema. Ou ficar totalmente imóvel seja o problema. Ou o problema está exatamente num acontecimento um tanto anterior e decisivo para que as coisas tenham chegado até esse ponto: o fato de eu ter nascido.
Sim, estou em cima do muro e não consigo sanar mais uma das dúvidas que parecem desafiar meus sentidos, principalmente, o de realidade. Ficar nessa situação de dúvida eterna não é nada legal, e, aliás, não vejo nenhuma vantagem em se ficar em dúvida sobre as coisas, não me ocorre uma agora.
Pensem comigo: se você tem que escolher entre duas coisas, e isso deve ser feito para que a vida possa seguir o seu curso, seja ele qual for, por que então enrolar ou empacar a vida por causa disso? E aí, eu penso: porque existe uma coisa coisa chamada insegurança. Insegurança descreve o estado da pessoa que, mais do que uma incerteza, ela não tem confiança em si mesma.(*)
Isso é, no mínimo, triste. Confiar em si mesmo é muito necessário para que uma pessoa saía por aí e dê um rumo à sua vida. E para mim tudo isso é muito confuso, porque mesmo que eu saiba do que se trata, ainda não consigo mudar esse meu jeito de ser empacada. Que droga, do que me serve ter um monte de amigos psicólogos e não rolar de usufruir dos seus bons serviços...
E como a minha ainda atual condição de desempregada não me permite sequer sonhar com uma sessão de terapia, me resta fazer aquilo que muitos de nós aprende a fazer quando as saídas são escassas - começa a se virar (claro, depois de dar uma passadinha nas profundezas da depressão - mas isso não é obrigatório para todo mundo, ainda bem). Vale dizer que um pouco de angústia é sempre necessário para querermos mudar.
Fiz o maior "esforção" e espero ter dado início ao movimento que irá me levar para a grande virada, e 180 graus é um longo caminho a percorrer. Quando eu chegar lá, eu aviso...

(*) Ref. "Dicionário de sinônimos da Língua Portuguesa"

Pior que um coração partido, é uma alma vendida - Senadora Heloísa Helena, Programa do Jô (08/06)

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