quinta-feira, 3 de maio de 2007

Ai, ai...

"Estou eu aqui acompanhada das minhas duas drogas preferidas: café e internet - essa última a mais recente - pensando nessa vida que a gente leva. Será que pode acontecer algo pior do que o que já vem acontecendo?... Sei lá, porque...se a gente parar um pouco e usar a razão, há pessoas vivendo em situações totalmente degradantes por aí, na maior amargura. Isso é muito feio, não devíamos deixar que fosse assim. Poderíamos ser mais solidários e fazer jus a esse sentimento que nos dá tanto orgulho: sermos humanos. Engraçado, pois também há outra faceta tanto pior que essa da qual compartilhamos e que mostra como somos raposas, como invertemos valores para dizer o que é mais "adequado".
Vivemos sobre um grande palco onde uns se acham mais iguais do que os outros, e os primeiros tentam convercer "a minoria", ou seja, os outros, de que aquilo que eles são é algo até "compreensível", mas você não precisa se expor. Sim, tudo bem não se expor, alguns preferem assim e está tudo bem, mas o que começa de forma aparentemente inocente e simples acaba virando uma bola de neve e passa a ser desejável que os outros sejam o que são apenas entre quatro paredes; daí está-se a um passo da imposição.
Vocês notam a perversidade desse tipo de pensamento? De como ele mantém as relações numa atmosfera um tanto hipócrita? Pois, aos poucos, esse discurso de que pode-se escolher "preservar-se" de expor o que a maioria acha incomum passa a ser o discurso de "não seja você mesmo porque isso me incomoda; seja você mesmo, mas lá onde a minha vista não alcança". Agora, será que a minoria deve se contentar em ser o que a maioria espera que ela seja? Deve contentar-se com esta posição para manter a ordem e o progresso da civilização?
Sobre que bases estamos contruindo nossa civilização? Estaria este conceito baseado naquilo que imaginamos como senso de civilidade?
Precisamos retomar a educação moral e cívica nos currículos escolares ou ao menos devíamos dar melhores exemplos àqueles que serão o futuro da humanidade: nossos filhos, sobrinhos, netos, enfim, nosso próximo. Alguém discorda disso? Alguém discorda que teríamos menores índices de violência se passássemos a dizer mais "bom dia", "por favor" e "obrigado"? Essas coisas simples que a gente "deixa passar".
Fala-se aos quatro ventos que precisamos melhorar a educação para melhorar nossa condição de vida e de oportunidades, porém joga-se toda a responsabilidade no governo, na falta de infra-estrutura; e que tal começarmos a praticar a boa educação nós mesmos, em nossas relações?
Pergunto-me: vivemos ou não numa democracia? Na minha opinião: estamos atolados num estado democrático de direito, mas o direito da maioria. E na maioria dos lugares funciona justamente assim.
Alguém já ouviu falar que toda maioria é burra? Eu não acho que isto seja certo, mas em alguns casos é potencialmente prejudicial, porque, por mais que devamos considerar o que a maioria defende e isso ser uma questão de respeito, devemos também pensar que outros estão sendo suprimidos dos seus direitos. E isso também não deveria ser respeitado? Não estamos esquecendo que uma maioria é, ainda assim, contituída de indivíduos?
Não dá para agradar a maioria, mas será aceitável sentir-se mal por estar sendo o que se é, ainda mais quando não se está causando um dano. Há tantos comportamentos imorais e anti-éticos com os quais convive-se todo o tempo, estão diariamente estampados nos jornais e sendo praticados no ambiente de trabalho e nos lares, e aceita-se como "fazendo parte do jogo e se não estiver satisfeito parta pra outra"; ou, na pior das hipóteses, nem mesmo pensa-se a respeito. Há tantas formas de discriminação e desrespeito sendo praticadas em plena luz do dia, causando males realmente significativos e das mais variadas ordens e, simplesmente, não fazemos nada.
De forma simplista, mas não inverídica, meio a la Shakespear, não estamos fazendo muito barulho por nada? Só porque não praticamos o exercício de nos colocar no lugar do outro ou, no mínimo, não fazermos aos outros aquilo que não queremos que façam conosco?
Apenas me coloquei essas perguntas, assim, muito rapidamente enquanto a vida se esvaia, segundo após segundo... Se fizéssemos o mínimo, já seria muito...".

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Desculpe, Sr. Bento XVI, mas Darwin chegou ao Brasil antes de você.

Um comentário:

Fran Sousa disse...

entendo grande parte do que vc esta dizendo. o médico que trabalha comigo adora dizer de um paciente "ele é gay, mas é gente boa..." e ja briguei com boa parte da equipe que acha que ser gay tudo bem, desde que não de demostrações pela rua, que é falta de respeito, saí de lá com o estomago embrulhando naquele dia...isso que um dia estavamos falando de preconceito e esse mesmo médico diz: "é duro isso de preconceito, e olha que tem cada negra lindíssima...", sem comentários!!!